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Vídeo da PF mostra ex-assessor de Temer levando mala de dinheiro

Imagens foram feitas na saída de pizzaria de São Paulo, após reunião de Rodrigo Loures, indicado pelo presidente, com o executivo da JBS, Ricardo Saud

Por Da Redação
19 Maio 2017, 21h19

Um vídeo gravado pela Polícia Federal como parte da delação premiada de executivos do grupo JBS mostra o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial do presidente Michel Temer (PMDB), saindo de uma pizzaria em São Paulo com uma maleta que, segundo a acusação, teria R$ 500 mil em propina. O parlamentar foi afastado do cargo pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A gravação foi feita em abril logo depois de Joesley Batista, presidente da holding J&F, ao qual pertence o grupo JBS, ter gravado Temer em uma reunião no Palácio do Jaburu, na qual o presidente indicou Loures como seu interlocutor para tratar de assuntos de interesse do empresário no governo federal. No vídeo, Joesley aparece perguntando a Temer: “Posso falar tudo com ele [o deputado Loures]?”. O presidente, então, responde: “Tudo”.

O dinheiro foi entregue a Loures na pizzaria Camelo, no Jardim Paulista, região dos Jardins, zona oeste de São Paulo. O vídeo mostra o deputado saindo com a mala e entrando em táxi. Antes de entrar no veículo, ele olha para trás e para os lados para ver se não está sendo vigiado. Os policiais federais, então, tentam seguir o táxi com Loures, mas o perdem rapidamente.

Segundo Joesley, o dinheiro era parte do pagamento de uma propina para que Loures, sob indicação de Temer, facilitasse o andamento de uma demanda do grupo empresarial no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) envolvendo uma usina termelétrica em Cuiabá. Tratava-se de uma disputa entre a holding e a Petrobras sobre o preço do gás oferecido pela estatal à termelétrica EPE, adquirida pela JBS em 2015.

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Pelo trabalho, o empresário teria oferecido uma propina que poderia chegar a mais de 400 milhões de reais ao longo de duas décadas. A primeira quantia, de R$ 500.000, foi entregue pelo executivo da JBS Ricardo Saud, que disse ao Ministério Público Federal ter “certeza absoluta” de que o dinheiro era para Temer. “O Rodrigo Rocha Loures é, na verdade, um mensageiro desse dinheiro, só. Esse dinheiro foi combinado entre nós com o Temer”, afirmou o executivo aos procuradores (veja o vídeo abaixo).

“O Rodrigo Rocha Loures é, na verdade, um mensageiro desse dinheiro, só. Esse dinheiro foi combinado entre nós com o Temer”

Ricardo Saud, executivo da JBS

Loures não é um deputado qualquer da Câmara. Até o início de março, ele era assessor especial da Presidência — antes, foi chefe de Relações Institucionais da Vice-presidência, quando Temer era vice de Dilma Rousseff (PT). Suplente de deputado, ele deixou o Planalto para assumir a cadeira do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que se licenciou para ser ministro da Justiça.

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No pedido de abertura de inquérito contra Temer e Loures, que foi aceito pelo STF, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que o deputado é um homem de “total confiança” do presidente. “O deputado federal Ricardo Loures, homem de total confiança de Michel Temer, aceita e recebe com total naturalidade a oferta de propina (5% sobre o benefício econômico a ser auferido) feita pelo empresário Joesley Batista, em troca de interceder a favor do grupo J&F, mais especificamente em favor da ETE Cuiabá, em processo administrativo que tramita no Cade”, afirma Janot.

Defesa

Temer confirmou que se reuniu com Joesley, mas negou que tenha ocorrido qualquer diálogo “que comprometesse a conduta do presidente” ou com o intuito de “evitar colaboração com a Justiça”. Em nota, afirmou também defender “profunda investigação” sobre as delações dos diretores da JBS.

Confira a nota de Temer na íntegra:

“O presidente Michel Temer jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar. O encontro com o empresário Joesley Batista ocorreu no começo de março, no Palácio do Jaburu, mas não houve no diálogo nada que comprometesse a conduta do presidente da República. O presidente defende ampla e profunda investigação para apurar todas as denúncias veiculadas pela imprensa, com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que venham a ser comprovados”.

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