A SpaceX é, hoje, uma companhia de vanguarda no ramo espacial. Não satisfeita em estar muito à frente de todas as suas concorrentes nessa corrida, ela continua quebrando as próprias barreiras e o sucesso conquistado neste final de semana não foi diferente.
A sua principal conquista já havia sido realizada em junho, quando conseguiu fazer com que o Starship, maior foguete já construído pela humanidade, realizasse uma volta em torno da Terra e retornasse íntegra, para ser reutilizada. Agora, no entanto, um novo sucesso. No teste realizado neste domingo, 13, a empresa conseguiu recuperar o Super Heavy, propulsor do foguetão, em uma manobra inédita.
Qual a importância desse feito?
Com 120 metros de altura, 33 motores no módulo de propulsão e seis na espaçonave, o foguete é o maior do mundo e foi projetado para levar humanos para a Lua e para Marte. Assim como seu antecessor, o Falcon 9, o Starship também foi construído com materiais reutilizáveis, capazes de voltar à Terra após a viagem espacial, mas há uma diferença.
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— Sawyer Merritt (@SawyerMerritt) October 13, 2024
Para pousar em segurança, o Falcon 9 utiliza duas pernas que possibilitam a aterrissagem suave. O Starship, por outro lado, o faz em suas etapas. Enquanto o foguete pousa no mar, o propulsor Super Heavy lança mão de uma manobra requintada – além de retornar, de maneira controlada e precisa para a base de lançamento, ele é capturado por braços robóticos em pleno ar, um marco de engenharia. “Este é um problema extremamente difícil de resolver, dada a forte gravidade da Terra”, escreveu Elon Musk, no X. “Nos primeiros anos da SpaceX, eu não tinha certeza se o sucesso estava sequer no conjunto de resultados possíveis!”
Segundo especialistas, essa é uma evolução importante, pois além de quebrar uma complexa barreira técnica, também permite que os propulsores sejam rapidamente recuperados, consertados e abastecidos para o próximo lançamento.
Como foi o quinto voo teste do Starship?
O foguete deixou a base em Boca Chica, no Texas, às 8h25, no horário local, impulsionado pelos 33 motores Raptor do Super Heavy. Após três minutos e quarenta segundos, os dois estágios se separaram. O Starship, com seus seis motores, continuou sua trajetória para dar uma volta em torno da Terra e pousar no Índico, como já havia feito, mas a estrela dessa vez foi o propulsor.
Foi como um balé. Após se desprender do foguetão, o Super Heavy iniciou sua rota de retorno. Desceu, em queda livre, mas de maneira controlada e, a algumas centenas de metros do solo, acendeu a ignição de 13 dos seus motores. Em uma manobra surpreendente e precisa, o propulsor retornou para base de lançamento onde, ainda no ar, foi recuperada por dois braços robóticos, apelidados de “mechazilla”.
+Após repetidos fracassos, as empresas privadas chegam ao espaço
O sucesso do foguete é mais que aguardado, pois poderá baratear futuras viagens espaciais. Além de permitir os voos da missão Artemis, que ainda na próxima década deve levar humanos de volta à Lua, também possibilitará voos mais longos e missões comerciais turísticas, como a DearMoon, financiada pelo empreendedor japonês Yusaku Maezawa.
Como foram os primeiros testes?
O primeiro teste de lançamento ocorreu em abril do ano passado e, apesar de considerado bem-sucedido pela empresa, explodiu durante a etapa de separação dos estágios. Já o segundo, em novembro, conseguiu chegar ao espaço com sucesso, a cerca de 150 quilômetros de altura, mas perdeu o contato com a central de lançamento logo depois. “O que fizemos hoje fornecerá dados inestimáveis para continuar o rápido desenvolvimento do Starship”, afirmam os porta-vozes da SpaceX, em comunicado, na época.
O terceiro teste ocorreu em 8 de maio de 2024, quando a nave perdeu o contato com a base de lançamento.