Aeroportos podem estar denunciando nossa presença a alienígenas, diz estudo
Simulações indicam que radares civis e militares da Terra emitem sinais tão potentes que podem ser detectados a até 200 anos-luz de distância

Pode soar como maluquice — mas é pura ciência. Um novo estudo apresentado na National Astronomy Meeting 2025 — um dos principais encontros anuais de astrônomos do Reino Unido — mostra que os radares usados em aeroportos e operações militares emitem sinais tão potentes que poderiam ser detectados por civilizações alienígenas equipadas com radiotelescópios parecidos com os nossos. As simulações foram baseadas em dados reais de potência, frequência e alcance dos sistemas atuais.
Ao mesmo tempo em que alimenta a imaginação, a pesquisa ajuda a responder a uma das perguntas mais antigas da humanidade — afinal, estamos sozinhos no universo?
Como nossos aeroportos chamam atenção no espaço?
Ao modelar como os sinais de radar se espalham da Terra pelo espaço, os cientistas mostraram que hubs de aviação como Heathrow, Gatwick e JFK em Nova York emitem uma quantidade considerável de radiação eletromagnética. Só os radares civis, usados para controlar o tráfego aéreo, somam cerca de 2 quatrilhões de watts em emissões combinadas — potência suficiente para ser detectada por observadores a até 200 anos-luz de distância.
Já os radares militares, ainda mais potentes e focados, funcionam como verdadeiros faróis girando no escuro cósmico. Dependendo da posição do observador no espaço, esses sinais podem parecer até cem vezes mais fortes, criando um padrão claramente artificial para quem estiver assistindo lá de fora — uma espécie de “tecnossinatura”, como os cientistas chamam os sinais involuntários produzidos por civilizações avançadas.
Essa ideia de que estamos, sem querer, transmitindo nossa presença para o cosmos não é nova. Mas o estudo ajuda a quantificar esse vazamento invisível. E, se há planetas por aí com tecnologias parecidas com a nossa, eles também poderiam estar emitindo sinais similares — algo que poderíamos detectar, se soubermos o que procurar.
Além de levantar questões filosóficas sobre vida fora da Terra, a pesquisa também tem implicações práticas. Compreender como os sinais humanos viajam pelo espaço pode ajudar a proteger frequências de comunicação, desenhar sistemas de radar mais eficientes e até monitorar os impactos da tecnologia na “atmosfera” de radiofrequência do nosso planeta.
No fim das contas, mesmo que nenhuma civilização alienígena esteja nos espionando neste momento, parece que nossos aeroportos já estão, discretamente, anunciando nossa existência ao universo.