Ao menos desde meados da década de 1960, o inglês é reconhecido como o principal idioma usado na comunicação científica. Um novo estudo publicado na revista Nature, no entanto, aponta que, ao menos no âmbito da biodiversidade, uma quantidade relevante de conhecimento é produzido em outras línguas.
O trabalho realizado por pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, com a colaboração de cientistas de diferentes nacionalidades, investigou relatórios de biodiversidade publicados em 37 países. Os resultados surpreenderam, indicando que nesse campo de pesquisa as informações são divulgadas majoritariamente nos idiomas dos países de origem. Além disso, 75% das citações também são de trabalhos escritos em outras línguas que não o inglês.
É um contraste importante com os relatórios elaborados por órgãos oficiais. Nos relatórios de Biodiversidade e Serviços de Ecossistema da Plataforma Intergovernamental de Ciência Política (IPBES), um serviço internacional de conservação e sustentabilidade, por exemplo, apenas 3,4% das citações são de língua não-inglesa.
Os pesquisadores sugerem que, em virtude de um conhecimento mais amplo da biodiversidade, estudos feitos em diferentes idiomas sejam levados em consideração de forma mais consistente. Pedem ainda que esforços sejam feitos para que os trabalhos publicados em inglês se tornem mais acessíveis para falantes de outros idiomas.
Um estudo anterior realizado pelo professor Tatsuya Amano, que também assina como primeiro autor deste novo trabalho, já havia indicado que, na última década, houve um aumento significativo no número de trabalhos sobre intervenções de conservação de biodiversidade publicados em francês, alemão, japonês, português, russo e chinês.