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Amazônia: ponto de não retorno pode chegar já em 2050, aponta estudo

Pesquisa conduzida por cientistas brasileiras revelam momento em que colapso da floresta se tornará mais provável

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 Maio 2024, 17h18 - Publicado em 14 fev 2024, 13h00

Quando se fala em mudanças climáticas, a Amazônia é sempre uma preocupação. Lar de 10% da biodiversidade mundial e essencial para a manutenção dos ciclos de chuva, a floresta corre risco de colapso em decorrência da exploração e do aquecimento global. Agora, um estudo conduzido por pesquisadores brasileiros aponta que o estado pode ser ainda mais crítico. 

De acordo com o artigo publicado nesta quarta-feira, 14, na revista científica Nature, o ponto de não retorno da floresta amazônica — momento em que as mudanças ecossistêmicas se tornam irreversíveis — pode chegar já em 2050 para algo entre 10 e 47% do território. “Isso não significa que a floresta vai colapsar de uma vez”, afirma a VEJA o autor do estudo, Bernardo Flores. “Na verdade, ela já está colapsando e a partir desse ponto, esse processo se torna mais acelerado e difícil de controlar.”

O que é o colapso da floresta?

Registros paleoecológicos levantados pelos cientistas mostram que a região é bastante resiliente, tendo sobrevivido a seca intensa durante a última era glacial e a exploração extensiva há 6 mil anos, quando o território era habitado em sua quase totalidade. Apesar de ter se adaptado a esses estresses, as novas mudanças colocam a floresta em risco. 

“A combinação de aumento das secas e aumento da temperatura nunca aconteceu antes na história da floresta”, diz Flores. Somados ao desmatamento e a exploração mineral, esse fatores fazem com que, aos poucos, a floresta tropical perca suas características originais, que favorecem a umidade e a biodiversidade. Uma vez colapsados, existem três cenários possíveis para as regiões degradadas: 

  • Florestas degradadas: ecossistema menos diversos e que são constantemente submetidas a distúrbios como queimadas, se mantendo sempre jovens e em recuperação;
  • Degradado não florestal: local fica dominado por gramíneas e árvores esparsas;
  • Savanas de areia branca: ecossistema mais seco comum nas bordas da Amazônia aumentam e passam a dominar o cenário.
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“Cada mudança dessa leva a alterações drásticas, na flora, na fauna e nas reservas de água, o que pode influenciar muito a qualidade de vida das pessoas e a capacidade da floresta em armazenar carbono”, explica Flores. 

Existe saída?

Até que o ponto de não retorno se estabeleça de maneira definitiva, ainda há como reverter o cenário de destruição, mas isso só será possível com medidas públicas robustas. “Todos os países que têm território na Amazônia precisam cooperar para que o desmatamento e a degradação chegue a zero”, afirma Flores. 

Pequenas explorações indígenas ou de populações locais não contribuem com o problema, mas atividades extensivas de exploração diminuem a resiliência, empurrando a floresta para o ponto crítico que acelera o colapso. Extinguir esse tipo de atividade e recuperar o que foi destruído é o que se faz necessário para a manutenção desse ecossistema – nada novo, mas aparentemente será preciso continuar repetindo à exaustão. 

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