Em um estudo publicado ontem (22) no periódico científico Cell Reports, cientistas russos afirmaram que, após editar o material genético de girinos de sapos e retirar dele apenas um gene, foi extinta a capacidade de regeneração de membros desses animais. Normalmente, esses (e outros) anfíbios possuem a habilidade de formar novamente partes do corpo perdidas por amputação, como rabos e patas. De acordo com os pesquisadores, a descoberta pode apontar para a existência de um ancestral que o homem compartilha com os sapos e no qual essa interessante capacidade tenha sido perdida para sempre.
A hipótese dos cientistas é a de que o gene responsável pela regeneração, que foi inativado no experimento recente, tenha desaparecido do mapa genético dos animais de sangue quente por meio de uma mutação. Como resultado, mamíferos e aves, entre outros seres, teriam sido privados dessa capacidade.
Para realizar o estudo, os cientistas primeiramente identificaram diversos genes que desapareceram dos genomas dos vertebrados de sangue quente, mas permaneceram presentes nos animais de sangue frio. Posteriormente, eles compararam os materiais genéticos em busca de diferenças. O próximo passo foi identificar e selecionar um dos genes reconhecidos como exclusivo das espécies de sangue frio, o chamado c-Answer.
Ao potencializar a expressão do c-Answer nos girinos, os pesquisadores descobriram que estes ganhavam a habilidade de regenerar seus rabos mais cedo na vida do que aqueles cujo DNA não havia sido manipulado. Outros efeitos dessa potencialização foram um aumento no crescimento do cérebro e no tamanho dos olhos. Por outro lado, ao bloquear esse gene, os cientistas notaram que os girinos não apresentavam a capacidade de regenerar apêndices amputados — sem falar em menores dimensões cerebrais.
De acordo com os pesquisadores, os próximos objetivos consistem em estudar mais a fundo a hipótese do ancestral comum que teria perdido o c-Answer, além de investigar a relação entre esse gene e o desenvolvimento do cérebro animal.