A descoberta de novos exoplanetas – corpos que orbitam estrelas fora do sistema solar – cresce de maneira exponencial, dobrando a cada 39 meses. Uma pesquisa publicada nesta quarta-feira, 17, na Nature, descreve mais um desses mundos: um planeta rochoso com tamanho próximo ao da Terra que provavelmente é coberto de vulcões.
Chamado de LP 791-18 d, o planeta é um dos três conhecidos que orbitam uma anã-vermelha que se localiza a 90 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Crater. Além de interagir com a estrela, o corpo também passa próximo ao planeta mais massivo do sistema, o que causa uma pequena deformação a cada volta. Essa perturbação, de acordo com os cientistas responsáveis pela pesquisa, seria suficiente para aquecer o interior do exoplaneta e promover uma atividade vulcânica semelhante a da lua joviana de Io – o corpo com maior atividade sísmica do sistema solar.
Essa atividade vulcânica, além de trazer muita aventura para os possíveis visitantes, também possibilitaria a formação de uma atmosfera, um dos quesitos necessários para a ocorrência de água. Como o planeta está na zona habitável da estrela, seria mesmo possível que isso ocorresse, mas, de acordo com os astrônomos, a presença do líquido só seria possível em uma das faces do planeta.
Isso ocorre porque o LP 791-18 d sofre um processo semelhante ao da Lua terrestre, chamado de Acoplamento de Maré. Esse fenômeno faz com que uma das faces esteja sempre voltada para a estrela, enquanto, na outra, é sempre noite. A temperatura da região diurna impediria o condensamento da água, mas o líquido poderia, sim, estar presente na face contrária.
Essa descoberta traz informações que podem ajudar a responder um importante questionamento da ciência. “Uma grande questão na astrobiologia, o campo que estuda amplamente as origens da vida na Terra e além, é se a atividade tectônica e vulcânica é necessária para a vida”, afirma Jessie Christiansen, uma das co-autoras do estudo, em entrevista a Nasa. “Além de potencialmente fornecer uma atmosfera, esses processos podem trazer à tona materiais que, de outra forma, afundariam e ficariam presos na crosta, incluindo aqueles que consideramos importantes para a vida, como o carbono.”
A descoberta foi feita utilizando dados do Satélite para Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito (TESS, na sigla em inglês) e do já aposentado telescópio espacial Spitzer. Apesar da desativação do aparelho, os dados coletados por ele estão públicos, o que possibilitou a investigação conduzida por astrônomos do Instituto Trottier para pesquisa de exoplanetas da Universidade de Montreal, no Canadá.