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Cientistas descobrem como microbiota intestinal protege corpo de patógenos

Papel das bactérias na saúde ganha destaque a medida que ciência desvenda a importância delas para prevenir condições patológicas

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 dez 2023, 16h00

Nas últimas décadas o papel do microbioma na saúde tem crescido e a comunidade de bactérias que vive pacificamente no corpo humano passou a ser objeto de estudo em diversas áreas diferentes de pesquisa. Uma das funções mais bem conhecidas está em proteger o corpo de infecções intestinais e, agora, pesquisadores descobriram como elas fazem isso. 

De acordo com o artigo publicado nesta quinta-feira, 14, na renomada Science, as comunidades de bactérias benéficas conseguem proteger o corpo de microrganismos patógenos a partir da competição por nutrientes. “Nosso trabalho apoia a hipótese de que um microbioma mais diverso pode trazer benefícios à saúde”, afirma o coautor do estudo,  Erik Bakkeren, em comunicado. 

Como a descoberta foi feita?

Para investigar essa hipótese, os pesquisadores cultivaram mais de 100 bactérias diferentes de bactérias benéficas em conjunto os patógenos Klebsiella pneumoniae e Salmonella enterica, responsáveis por causar diversos tipos de infecções. O que eles viram é que, quando um único microrganismo benéfico era cultivado junto com os micróbios do mal, eles tinham pouco efeito de impedir o crescimento. Por outro lado, comunidades de até 50 indivíduos diminuem a proliferação desses causadores de doenças em até 1000 vezes. 

“Estes resultados demonstram claramente que a resistência à colonização é uma propriedade coletiva das comunidades do microbioma”, explica o coautor Kevin Foster, em comunicado. “Em outras palavras, uma única cepa é protetora apenas quando em combinação com diversas outras.”

Uma outra coisa que eles descobriram é que a proteção faria de acordo com o tipo de microorganismo. Quanto mais semelhantes os microrganismos eram dos seres patógenos, mais eficientes eles foram em impedir que os causadores de infecção se proliferam. Essa descoberta dá suporte para a teoria de que essa diversidade de bactérias protege o corpo de patógenos por consumirem os nutrientes que eles precisam para crescer. 

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Como isso poderá ajudar a saúde no futuro?

A medida que a importância desses microrganismos é revelada, a medicina e a indústria farmacêutica tenta se apropriar desse conhecimento para criar medicamentos e estratégias terapêuticas. O transplante de fezes, mais efetivo que as terapias convencionais para promover o equilíbrio intestinal é um exemplo de como isso pode ser feito. 

Descobertas como as mais recentes representam um grande avanço nessa área. “Isto dá esperança de que [no futuro, será possível] otimizar a composição dos microbiomas para proteger contra espécies bacterianas prejudiciais à saúde”, diz Bakkeren. 

As novidades, cada vez mais, dão suporte para o fato de que um microbioma diverso é importante para a saúde. Portanto, tomar cápsulas que contenham uma ou duas espécies pode não ser tão efetivo quanto se espera, mas manter uma alimentação saudável, rica em fibras e alimentos fermentados deve ser benéfico em muitos aspectos da saúde, de intestinais a psicológicos. 

A esperança é que, no futuro, especialistas consigam desenvolver combinações específicas de microrganismos para tratar ou auxiliar na terapêutica de condições de saúde como infecções, alergias, obesidade e desequilíbrios neurológicos

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