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Cientistas descobrem fóssil da menor baleia que já viveu na Terra

Animal foi nomeado como Tutcetus rayanensis, em homenagem ao faraó Tutancâmon

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 10 ago 2023, 12h01

Em 2012, quando fazia um trabalho de campo no vale de Wadi El-Raya, uma reserva natural do Egito, o paleontólogo Mohamed Antar descobriu um fóssil que descreveu como sendo, ao mesmo tempo, excitante e intrigante. Ao analisar o material, o grupo de pesquisa identificou aquele como sendo o menor cetáceo – grupo ao qual pertencem as baleias e golfinhos – já descoberto até hoje. 

Com 2,5 metros de comprimento e 187 quilogramas, o animal foi nomeado Tutcetus rayanensis. “Tut” foi escolhido em homenagem a Tutancâmon, faraó que morreu aos 19 anos, e “cetus” é a palavra grega para baleia. “O nome também comemora o centenário da descoberta da tumba do rei Tut e coincide com a iminente inauguração do Grande Museu do Egito, em Gizé”, afirmou a VEJA Hesham Sallam, pesquisador da Universidade do Cairo e autor sênior do artigo publicado nesta quinta-feira, 10, na Communications Biology

Ter sido descoberto no Egito não foi o único motivo para a escolha de homenagear Tutancâmon. Assim como o faraó, o pequeno cetáceo também morreu cedo, logo antes de chegar a vida adulta, o que é evidenciado pelas características da vértebra do animal. Mesmo jovem, Tutcetus era muito diminuto em comparação com os outros membros da mesma família, que costumam medir algo entre 4 e 20 metros.

Essa pequena baleia viveu há 41 milhões de anos, quando o que hoje conhecemos como Egito ainda estava sob as águas de um imenso oceano. Isso a torna o cetáceo mais antigo descoberto na África e um dos mais velhos em todo o mundo. Além do tamanho e da idade, uma outra característica também chamou atenção. Diferente da maioria das baleias e golfinhos, os dentes do Tutcetus não eram todos iguais, o que pode ser uma consequência do rápido desenvolvimento do animal. A arcada também sugere um padrão alimentar majoritariamente carnívoro, baseado em peixes, lulas pequenas, polvos e crustáceos.

FÓSSIL - Universidade do Cairo: da esqueda para a direita, imagem mostra Abdullah Gohar, Mohamed Antar e Hesham Sallam
FÓSSIL – Universidade do Cairo: da esquerda para a direita, imagem mostra Abdullah Gohar, Mohamed Antar e Hesham Sallam exibindo o fóssil (Hesham Sallam/Mansoura University Vertebrate Paleontology Center/Divulgação)
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Ele pertence ao grupo dos Basilosauridae, os primeiros cetáceos completamente aquáticos de que se tem notícia, em contraste com as espécies anteriores, que eram anfíbias. Por terem se adaptado completamente à água, essas espécies desenvolveram algumas características especiais, como corpo retilíneo, calda vigorosa, nadadeiras e barbatanas. Apesar disso, mantinham um pequeno resquício de patas traseiras, já incapazes de serem utilizadas para locomoção e que desapareceram nos animais contemporâneos.

Essa é a segunda grande descoberta no mundo dos cetáceos tornada pública nos últimos dias. Em um artigo divulgado na Nature, pesquisadores revelaram que um desses basilosaurídeos, com cerca de 20 metros e algo entre 85 e 340 toneladas, pode ter sido o maior animal que já viveu na terra. A grande distância entre os fósseis do Tutcetus e do Perucetus colossus – descoberto no Peru – revela o quão disseminada eram essas baleias primitivas ao redor do globo. 

“Basilosaurideos, como uma família, apresentam uma variedade de tamanhos, formas corporais e adaptações, o que é exemplificado pela imensa diferença entre as duas espécies”, diz Sallam. “Em última instância, a descoberta do Perucetus e do Tutcetus revela as complexidades desse campo e nos leva a repensar e refinar nosso conhecimento a respeito da história da vida marinha.”

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