Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Cientistas identificam o que pode ser a mais antiga obra de arte do mundo

Duas crianças deixaram impressões de mãos e pés em uma superfície no Tibete, milhares de anos atrás

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 set 2021, 09h39 - Publicado em 17 set 2021, 18h30
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Duas crianças deixaram impressões de mãos e pés em uma superfície perto de Quesang, no Tibete, cerca de 80 quilômetros a noroeste da capital, Lhasa, ao lado de uma fonte termal que ainda é usada para abastecer uma casa de banho. Só que a travessura aconteceu em algum momento entre 169.000 e 226.000 anos atrás, de acordo com uma equipe internacional de geólogos e arqueólogos. Com isso, seriam três a quatro vezes mais antigas do que as famosas pinturas rupestres da Indonésia, França e Espanha.

    O projeto foi liderado por David Zhang, da Guangzhou University, na China, em colaboração com pesquisadores da Inglaterra, dos Estados Unidos, de Hong Kong e do Tibete. A análise dos pesquisadores sugere que os pés e mãos foram pressionados em calcário macio chamado travertino. Para saber se a ação das crianças pré-históricas foi intencional ou não, a equipe recorreu a Thomas Urban, cientista pesquisador da Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Cornell, em Nova York.

    A questão colocada por Urban é: o que isso significa? Como podem ser interpretadas essas impressões? Elas claramente não foram colocadas ali acidentalmente. “Não há uma explicação utilitária para isso. Meu ângulo é: podemos pensar nisso como um comportamento artístico, um comportamento criativo, algo distintamente humano. O lado interessante é que faz muito tempo”, disse ele, coautor do artigo sobre o achado no Science Bulletin.

    Um dos colegas de Urban no trabalho, Matthew Bennett da Bournemouth University, fez parte da equipe inicial que examinou a “obra de arte” que foi encontrada em um promontório rochoso em Quesang no planalto tibetano, em 2018. Uma série de cinco impressões de mãos e cinco pegadas simétricas foram estampadas em travertino, um calcário de água doce que foi depositado em uma fonte termal próxima e, com o tempo, endureceu.

    Embora as pegadas sejam comuns no registro humano, as impressões das mãos são muito mais raras. Sua presença conecta o painel tibetano a uma tradição de arte parietal – isto é, arte imóvel – exemplificada por pinturas manuais nas paredes das cavernas. “(A nossa) era uma superfície escorregadia e inclinada”, disse Urban. “Não daria para andar sobre ela e ninguém cairia daquela maneira. Então, por que criar esse arranjo de impressões?”

    Continua após a publicidade

    As artes rupestres mais antigas, encontrada na ilha indonésia de Sulawesi e na caverna El Castillo, na Espanha, datam de 40.000 a 45.000 anos. À luz da descoberta do Tibete, as pinturas de Chauvet na França – com aproximadamente 30.000 anos – são praticamente contemporâneas. Os colaboradores de Urban usaram métodos de datação de urânio para determinar quando o painel se originou. Eles levantam a hipótese de que a criança que fez as impressões das mãos tinha cerca de 7 anos e que a criança que fez as impressões dos pés tinha cerca de 12 anos.

    Mais importante do que a idade dos artistas, porém, é a sua espécie. Uma teoria, apoiada por recentes restos de esqueletos encontrados no planalto, diz que eles podem ser denisovanos, ancestrais dos neandertais. “Essas crianças viram esse meio e o alteraram intencionalmente, é o máximo que podemos especular”, disse Urban. “Isso pode ser uma espécie de performance, um show ao vivo, como alguém que diz: ‘Ei, olhe para mim, eu fiz minhas impressões de mãos sobre essas pegadas.’”

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.