Com derretimento das geleiras, múmia de 500 anos é achada nos Alpes
Corpo perfeitamente preservado de camurça, mistura de cabra e antílope, pode indicar que outras descobertas ainda mais surpreendentes podem ser feitas
Uma equipe de pesquisadores encontrou a múmia de uma camurça, mistura de cabra e antílope adaptada aos Alpes, de 500 anos de idade perfeitamente preservada na região de Gepatschferner, a segunda maior geleira da Áustria, perto da fronteira com a Itália.
O achado foi motivado pelo acaso: o time de Andrea Fischer, glaciologista alpino do Instituto de Pesquisa Interdisciplinar de Montanha da Academia Austríaca de Ciências em Innsbruck, analisava uma estação meteorológica na região quando viu os chifres da camurça saindo do gelo. “É incrível, ela estava exatamente onde fazíamos nossa pesquisa, e passávamos bem quando ela estava saindo do gelo”, disse Fischer à National Geographic.
A descoberta só foi possível porque as geleiras dos Alpes estão derretendo em uma velocidade muito mais acelerada. Até o final desta temporada, ao menos sete metros de gelo terão derretido, mais do que em qualquer outro ano. Os especialistas acreditam que outras descobertas ainda mais surpreendentes devem ser feitas nos próximos anos, incluindo seres humanos.
Seria um caso parecido com Ötzi, descoberto 31 anos atrás. Há seis mil anos grande parte dos Alpes orientais não era coberta de gelo e os humanos viviam por ali. Ötzi era um deles e foi achado por acaso, confundido com um alpinista e tratado com total descuido pelas autoridades. Só depois que seu corpo estava seriamente danificado perceberam que se tratava de uma múmia com cinco mil anos de idade.
Essas descobertas ainda são raras, mas tanto a camurça recém encontrada quando outra semelhante, de 400 anos, retirada do gelo em 2020, podem fornecer pistas sobre os mesmos processos de mumificação que produziram Ötzi e as maneiras mais eficazes de recuperar múmias do gelo.