Uma descoberta arqueológica recente está lançando luz sobre o passado pré-histórico do Brasil. Uma equipe de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), com a colaboração de especialistas do Museu Nacional, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), desvendou um fascinante mistério: os abelissauros, imponentes dinossauros terópodes, conhecidos por sua natureza bípede e tendência carnívora ou omnívora, dominaram a região central do continente sul-americano.
Os Gigantes da Bacia de Bauru
A equipe coletou 179 dentes na vasta extensão conhecida como Bacia de Bauru, que abrange áreas dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná e parte do Paraguai. Com uma idade estimada entre 60 e 70 milhões de anos, datando do período Cretáceo, esta formação geológica oferece uma visão única dos antigos habitantes da América do Sul, embora ainda seja pouco explorada pela paleontologia.
A presença predominante dos abelissauros, gigantes carnívoros que podiam alcançar quase 8 metros de altura, é uma revelação sem precedentes sobre a ecologia da região naquela época remota. Mas, afinal, por que tantos dentes foram encontrados nessa área específica? As teorias propostas apontam para dois caminhos: o estilo de vida carnívoro dessas criaturas, sugerindo que suas presas mais resistentes poderiam ter contribuído para uma taxa de perda dentária mais elevada. Além disso, o clima árido, característico da região, também pode ter desempenhado um papel crucial, oferecendo um ambiente ideal para os abelissauros, que preferiam temperaturas mais altas.
Padrões na Distribuição Geográfica dos Dinossauros
Essas descobertas não apenas ampliam nosso entendimento do ecossistema pré-histórico da América do Sul, mas também revelam padrões intrigantes na distribuição geográfica de diferentes espécies de dinossauros. Enquanto os abelissauros dominavam a região central do continente, os dromeossauros e megaraptores eram mais proeminentes no sul, estabelecendo uma interessante dinâmica entre os predadores terópodes bípedes carnívoros que habitavam essas terras antigas.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores empregaram uma variedade de metodologias de análise, incluindo medidas das dimensões dos dentes, análise filogenética para examinar as relações de parentesco e comparação morfológica para verificar a precisão dos resultados. Apesar do progresso, os cientistas enfatizam a importância de futuras expedições de campo para explorar mais a fundo a riqueza paleontológica da Bacia de Bauru e desvendar mais segredos sobre os antigos habitantes do Brasil.
*Com Jornal da USP