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Descoberta questiona o que se sabe sobre surgimento da agricultura

Pesquisa aponta que caçadores-coletores tiveram acesso a dietas baseadas em plantas antes mesmo da chegada da agricultura

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 14h05 - Publicado em 2 Maio 2024, 15h21

Durante as aulas que ensinam sobre os povos pré-históricos, é comum a ideia de que por um tempo a humanidade foi majoritariamente caçadora-coletora e, após o advento da agricultura, tudo mudou para priorizar a alimentação baseada em plantas. Não foi exatamente assim, houve uma transição, e agora pesquisadores descobriram que esse processo foi bem diferente do que imaginavam até agora. 

O que o trabalho publicado esta semana no periódico científico Nature Ecology & Evolution revela é que uma comunidade de caçadores-coletores do norte da África, ainda na idade da pedra, tinha uma dieta baseada majoritariamente em plantas, em especial nozes e cereais, antes mesmo da chegada da agricultura nesse local. “Esse é um importante passo para entendermos melhor o nosso passado”, disse o bioarqueólogo do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Murilo Bastos, a VEJA. 

O que muda?

De fato, o conhecimento desafia o que se imaginava até agora. O que a ciência mostra é que a agricultura surgiu na Ásia ocidental, há algo entre 11 e 14 mil anos atrás, por povos caçadores coletores que primeiro exploraram essas plantas selvagens e, consequentemente, aprenderam a domesticá-las. Depois disso, o processo chegou à Europa e só posteriormente, ao norte da África, há pouco mais de 7 mil anos atrás. 

O que chama atenção no trabalho é que os povos estudados viveram nessa região há mais de 13 mil anos e, embora dependessem da proteína animal, se alimentavam majoritariamente de plantas — sem que isso levasse ao surgimento da agricultura nesse local. “Ao contrário da Ásia ocidental, a intensa dependência de alimentos vegetais desses grupos não levou ao desenvolvimento do cultivo de plantas”, dizem os autores, em comunicado. “Isso sugere que a agricultura não é uma consequência obrigatória da exploração de plantas selvagens.”

Como o estudo foi feito?

Para fazer essa descoberta, os pesquisadores do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha, utilizaram uma técnica chamada de análise isotópica. “A partir destas análises em ossos e dentes de humanos é possível rastrear os principais tipos de alimentos consumidos por cada indivíduo, uma vez que as características químicas dos alimentos são ‘mantidas’ em nossos corpos”, explica Bastos, que não participou do trabalho, mas costumo utilizar essa técnica na sua linha de pesquisa. 

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