Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Relâmpago: Revista em casa por 8,98/semana

É uma nave extraterrestre? A verdade sobre uma fascinante descoberta astronômica

Houve quem visse no 3I/Atlas, detectado recentemente, um óvni, mas não

Por Natalia Tiemi Hanada Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 set 2025, 17h09 - Publicado em 21 set 2025, 08h00

Houve, nas primeiras observações, o frenesi compreensível de quem supunha ter vislumbrado uma nave extraterrestre, um objeto voador não identificado. Foi alarme falso, é pena — mas a real descoberta é também espetacular. O 3I/Atlas, eis o nome do objeto, é um cometa, para frustração de quem esperava se comunicar com alienígenas. É apenas o terceiro de seu tipo, interestelar, detectado por astrônomos terrestres, por isso a catalogação 3I, se juntando ao asteroide 1I/’Oumuamua (2017) e o cometa 2I/Borisov (2019). Sabe-se, pela trajetória, que veio de fora de nosso sistema solar, flagrado pelo telescópio Atlas no Chile, construído em parceria da Universidade do Havaí com a Nasa e cujo objetivo primordial é caçar asteroides.

arte cometa

Avistado pela primeira vez em 1º de julho, e agora com um conjunto de informações completas, o 3I/Atlas foi identificado inicialmente na órbita de Júpiter. Em seguida, investigações promovidas com o apoio do telescópio espacial Hubble ofereceram imagens mais nítidas, a ponto de não sobrar dúvida em torno da trajetória e da consistência da revelação (veja no desenho). Envolto em partículas de poeira e gás, formando a chamada coma, o 3I/Atlas viajava a mais de 221 000 quilômetros por hora ao ser detectado e deve ganhar velocidade ao se aproximar do Sol, a 210 milhões de quilômetros de distância, evento previsto para 30 de outubro. Por conta do calor do astro-rei, a cauda deve aumentar conforme o núcleo de gelo do cometa sublime e se torne vapor. Não se sabe ainda a idade exata do novo herói do espaço, mas é potencialmente o mais antigo já descoberto, possivelmente com 7,5 bilhões de anos — a Terra tem em torno de 4,5 bilhões de anos.

ESPIÃO - O telescópio James Webb: de olho na assinatura química
ESPIÃO - O telescópio James Webb: de olho na assinatura química (//Nasa)

Há, portanto, uma atração magnífica, e o que o faz realmente especial: o 3I/Atlas pode ser um mensageiro do tempo, ao permitir o estudo de outras regiões do infinito sem que seja preciso, de fato, visitá-las. “É a constatação de que cometas e asteroides podem ser feitos em sistemas além do nosso Sol”, diz Adina Feinstein, professora assistente de física e astronomia na Universidade Estadual de Michigan. “Sempre se presumiu que outros sistemas são diferentes do nosso, mas agora temos evidências de quão diferentes eles podem ser.”

Continua após a publicidade

A celebridade espacial da hora provocou alvoroço na comunidade científica. O telescópio James Webb, por meio de uma ferramenta denominada espectrômetro de infravermelho médio e próximo, captou a assinatura química do objeto, com a maior proporção de dióxido de carbono (CO2) para água já registrada em um cometa. É indício de temperaturas e processos de formação diferentes do sistema solar. Soa científico em demasia, em detalhes restritos a quem mexe com astronomia, mas assim caminha a humanidade — cabe aos especialistas traduzir o que o comum dos mortais não enxerga, mas imagina. Direto ao ponto: é uma das mais instigantes detecções das últimas décadas, um fio a puxar a história que não podemos alcançar, mas intuímos, a de haver coisa muito interessante em outros pedaços do imenso vazio.

FASCÍNIO - Ilustração do século XIX: o que há acima de nossas cabeças?
FASCÍNIO - Ilustração do século XIX: o que há acima de nossas cabeças? (Florilegius/Universal Images Group/Getty Images)

Resta, contudo, a questão que insiste em não calar: o 3I/Atlas colidirá com a Terra? Não, ufa. A menor distância a que o cometa deve chegar do nosso planeta é de 270 milhões de quilômetros. Não poderemos, infelizmente, vê-lo a olho nu, só mesmo as poderosas máquinas capazes de atravessar o breu cósmico. A aventura de agora é alimento para fascínio que não cessa — ilustrações de séculos passados mostram sempre termos olhado para o céu em busca das bolas de fogo, a nos inspirar, a um só tempo, interesse e medo. Não por acaso, até mesmo um reputado astrofísico como o americano Abraham Loeb, da Universidade Harvard, chegou a rabiscar um texto alentando a hipótese de a esfera que anda aí por cima ser mesmo um óvni. Mandou o documento para o processo inicial de publicação, mas voltou atrás. Um dia, quem sabe…

Publicado em VEJA de 19 de setembro de 2025, edição nº 2962

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

15 marcas que você confia. Uma assinatura que vale por todas.

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

A notícia em tempo real na palma da sua mão!
Chega de esperar! Informação quente, direto da fonte, onde você estiver.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 28% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 10,00)
De: R$ 55,90/mês
A partir de R$ 39,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.