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Elefantes utilizam nomes para se comunicar, diz pesquisa

Característica antes vista como unicamente humana ganha complexidade em outros animais

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 10 jun 2024, 13h38
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  • Os elefantes estão na seleta lista de animais mais inteligentes do mundo. Além da organização social e do cérebro extraordinariamente complexo, eles já se mostraram capazes, por exemplo, de resolver tarefas lógicas, construir ferramentas e se comunicar. Agora, mais uma descoberta os aproxima dos humanos: eles são capazes de se chamar pelo nome. 

    A observação foi feita em animais selvagens da espécie Loxodonta africana, em savanas do continente mãe, e publicada nesta segunda-feira, 10, no periódico científico Nature Ecology & Evolution. De acordo com os autores, que utilizaram ferramentas de inteligência artificial para analisar vocalizações de 101 elefantes, foi possível notar que eles se comunicam individualmente utilizando chamados específicos.

    Outras espécies, como golfinhos e papagaios, já haviam sido estudadas fazendo algo parecido, mas no caso desses animais, eles reproduziam sons específicos feitos por alguns indivíduos para se referir a eles. Já no caso dos elefantes, um som aparentemente aleatório é dado aos indivíduos – é o equivalente a chamar um animal de porco ou cachorro ao invés de chamá-los de “oinc” ou “au au”. “Achávamos que isso era único dos humanos”, diz o coautor do estudo, George Wittemyer, ao National Geographic

    Como o estudo foi feito?

    Para fazer essa investigação, 469 sons foram analisados por uma ferramenta de aprendizado de máquina. Em 27,5% dos casos, a inteligência artificial foi capaz de identificar o padrão e dizer a qual animal o som se referia. 

    Além disso, os pesquisadores também fizeram testes em campo, com 17 elefantes. Ao reproduzir essas gravações, foi possível observar que os animais conseguiam identificar sons que eram ou não direcionados a eles, respondendo vocalmente e se aproximando do local de onde o som foi emitido, como pode ser visto no vídeo abaixo. 

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    Apesar disso, os cientistas não conseguiram identificar o som exato que se refere a cada animal nem se o grupo todo utiliza o mesmo som para se referir ao mesmo elefante. Para um dos autores, é provável que pequenas variações sejam adotadas por animais diferentes para se referir a um mesmo indivíduo. “Da mesma maneira que apelidos humanos, como Liz, Elizabeth e Ellie, têm certas características em comum, apesar de serem palavras distintas, pode ser que diferentes elefantes se dirijam ao mesmo indivíduo com rótulos um tanto semelhantes, mas ainda assim distintos”, diz Michael Pardo

    Quais as dificuldades?

    Embora o estudo traga evidências fortes de que esses animais usam mesmo nomes, mais investigações precisam ser realizadas para corroborar esse achado. Ainda é preciso compreender se os nomes são específicos do contexto, se também são utilizados para objetos ou lugares e se outras espécies também os adotam. 

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    O trabalho apresentou resultados animadores, mas há limitações. O número de gravações utilizadas no estudo recebeu críticas de pesquisadores independentes, por ser muito pequeno. Além disso, há uma dificuldade intrínseca em avaliar a vocalização desses animais por serem mais complexos e, em alguns casos, inaudíveis para os humanos. 

    Independentemente disso, é impossível ignorar que a ciência oferece cada vez mais evidências de que características antes consideradas exclusivamente humanas são, na realidade, mais comuns do que se imagina. Vale a reflexão e a sempre bem-vinda humildade. 

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