Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Eles sentem o que você sente

Pesquisa realizada por uma universidade sueca atesta algo que o senso comum intuía: os cães acompanham o estado emocional dos seres humanos

Por Sabrina Brito Atualizado em 4 jun 2024, 15h54 - Publicado em 14 jun 2019, 07h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A foto correu mundo — ou melhor, “viralizou”, como se diz nestes tempos de império das redes sociais. Deitado ao lado do caixão de George Bush, que morreu no início de dezembro, o labrador Sully, que conviveu com o ex-presidente americano em seus derradeiros meses, parecia querer transmitir seu luto, sua melancolia. A imagem provocou comoção — mas não exatamente surpresa. Há muito o senso comum alerta a ciência: os cães esbanjam empatia pelos seres humanos. Quem tem um em casa — vale dizer, mais de 44% dos lares brasileiros, segundo o IBGE (enquanto 17,7% mantêm um felino sob o mesmo teto) — sabe que não é raro vê-lo espelhar o estado de espírito dos donos. O que era apenas uma impressão ganhou agora um patamar científico. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Linköping, na Suécia, e publicada no periódico inglês Nature’s Scientific Reports revelou uma extraordinária semelhança entre os índices de stress registrados em cachorros de duas raças bastante distintas e em suas respectivas proprietárias (ressalve-se que só mulheres aceitaram participar do levantamento).

    O trabalho utilizou 58 cães, 33 deles pastores-de-shetland e 25 border collies. Os cientistas analisaram os níveis de cortisol — hormônio associado ao stress — presentes nos pelos dos animais e nos cabelos de suas donas e chegaram à conclusão de que eles eram muito parecidos.

    Ao longo da pesquisa, cada proprietária respondeu a um questionário de 75 itens sobre o comportamento dos cachorros, dando notas de 1 a 5 a aspectos como animação, agressividade, medo etc. Além disso, elas ti­veram de se manifestar sobre 44 frases — com as quais poderiam concordar ou não, numa escala de 0 a 5 — a respeito de si mesmas.

    A relação mais estreita entre a produção de cortisol de um cão e a verificada em sua dona foi encontrada nos animais do sexo feminino e naqueles que eram treinados para competições diversas. Para o primeiro caso, os cientistas não arriscam justificativas; já para o segundo, é possível que a explicação esteja nos longos períodos de convivência indispensáveis para um bom adestramento. Outra relevante descoberta foi que aspectos como a idade dos cachorros e a das mulheres não pesavam em nada no nível de cortisol registrado pelos cientistas.

    Continua após a publicidade

    Estudos anteriores já haviam revelado que a proximidade entre cachorros e seres humanos estava estreitamente relacionada a hormônios. Uma pesquisa de 2015 feita no Japão mostrou que um simples olhar entre cães e humanos é suficiente para estimular, em ambos, a produção de oxitocina, substância responsável pela sensação de apego e de prazer (sua liberação ocorre, para citar uma situação, durante interações entre pais e filhos).

    Border Collie
    BORDER COLLIE - Forte sensibilidade no verão (iStock/Getty Images)

    Não há dúvida, porém, de que o trabalho feito na Suécia avançou na constatação científica da existência de empatia entre cães e pessoas. Embora anuncie para breve pesquisas que incluirão o sexo masculino no lado humano do levantamento, a bióloga Lina Roth, coautora do estudo, acredita que o objetivo principal do trabalho realizado em Linköping foi alcançado. Apesar disso, Lina admite que algumas perguntas seguem sem resposta. Uma questão que surgiu logo depois da conclusão do trabalho foi a seguinte: o.k., o humor das pessoas tem influência no dos cães; contudo, será que o contrário é verdadeiro, o bem-estar dos animais interfere no de seus proprietários? Ainda que a interrogação permaneça suspensa no ar, a cientista está convencida de que a relação entre os cachorros e os humanos deva ser “de apoio e cuidado mútuo, algo que pode ser aproveitado de forma positiva pelos dois”. Em todas as horas — até nas de tristeza.

    Continua após a publicidade

    Publicado em VEJA de 19 de junho de 2019, edição nº 2639

    Continua após a publicidade
    carta
    Envie sua mensagem para a seção de cartas de VEJA
    Continua após a publicidade

    Qual a sua opinião sobre o tema desta reportagem? Se deseja ter seu comentário publicado na edição semanal de VEJA, escreva para veja@abril.com.br

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.