Estação espacial chinesa entrará na atmosfera da Terra na segunda-feira
Ninguém sabe ao certo onde os destroços da estação podem aterrissar e muitos especialistas acreditam que grande parte dela deve queimar durante a reentrada
A estação espacial chinesa Tiangong-1 entrará novamente na atmosfera da Terra nesta segunda-feira, informou a agência espacial chinesa em comunicado. A Agência Espacial da China, no entanto, não especificou para qual momento espera que a estação volte a entrar na atmosfera.
Ninguém sabe ao certo onde os destroços da estação podem aterrissar e muitos especialistas acreditam que grande parte dela deve queimar durante a reentrada.
A Tiangong-1, de 10,4 metros de comprimento, foi lançada em 2011 para realizar experiências de ancoragem e órbita como parte do ambicioso programa espacial da China, que visa colocar uma estação permanente em órbita até 2023.
O laboratório espacial foi planejado originalmente para ser desativado em 2013, mas sua missão foi prorrogada por várias vezes.
A probabilidade de uma pessoa ser atingida por um objeto espacial de mais de 200 gramas é de uma em 700 milhões, segundo o Departamento de Engenharia Espacial Tripulada da China.
Três quartos do território do planeta é coberto por água – então, os cientistas acreditam que há uma enorme chance de os destroços do satélite caírem no mar, sem oferecer risco para as pessoas. A órbita do nosso planeta está coberta por grande quantidade de lixo espacial (restos de satélites antigos, peças soltas ou naves desativadas), que, eventualmente, entra na atmosfera e cai em algum ponto da Terra, raramente perto de áreas habitadas. O módulo chinês só está sendo acompanhado por astrônomos porque é um pouco maior do que a média.
“É improvável que detritos da reentrada [do satélite Tiangong-1] atinjam qualquer pessoa ou danifiquem propriedades”, afirma o tecnologista Ademir Xavier, da Agência Espacial Brasileira, em comunicado. “O único caso conhecido em toda história da exploração espacial é de uma pessoa em Oklahoma, Estados Unidos, que foi atingida em 1996 sem qualquer ferimento ou danos.”
Materiais tóxicos
Ainda assim, os especialistas alertam que é possível que existam materiais tóxicos ou corrosivos a bordo da nave e que eles podem se manter ativos após a queda. “Jamais toque ou se aproxime de qualquer objeto ou detrito espacial que tenha caído em sua proximidade. Por segurança, evite aproximar-se ou inalar qualquer vapor que dele se desprenda”, orienta a Agência Espacial Brasileira.
Para os especialistas, é muito difícil precisar a data e o local da queda do objeto, uma vez que o centro espacial chinês perdeu completamente o contato com a nave. A margem de erro do dia em que os destroços devem entrar na atmosfera, por exemplo, beira 20%. Isso porque os especialistas enfrentam inúmeras incertezas, como o efeito do atrito atmosférico na trajetória atual do objeto, que não pode ser monitorado com antecedência.
Ainda não há informações suficientes, no entanto, para saber se o centro espacial chinês planeja controlar sua entrada na atmosfera de alguma forma.
O satélite
Taingong-1 foi alvo de diversas missões, com e sem tripulação, desde que foi lançado, em 2011. O módulo deveria ter sido derrubado de forma segura em 2013, mas continuou em operação até março de 2016. Foi quando a China admitiu ter perdido o controle da nave, acrescentando que não conseguiria controlar a sua reentrada na atmosfera. Atualmente, nenhum tripulante está a bordo da estação espacial.
O satélite, no entanto, não é o maior objeto espacial fabricado pelo homem que já caiu na Terra. Esse título ainda é ocupado pela Estação Espacial MIR, da agência espacial russa, que tinha massa de 120.000 quilos e caiu no Pacífico Sul, em março de 2001. Em comparação, a Tiangong-1 tem apenas 8.500 quilos.
Especialistas afirmam, ainda, que será possível observar a reentrada do satélite na atmosfera, mesmo de dia, se o clima estiver favorável. Várias linhas brilhantes devem aparecer cruzando o céu em uma mesma direção. “Como o objeto é grande, serão vistos vários riscos juntos na reentrada, sendo que alguns deles poderão atingir o solo”, afirma a Agência Espacial Brasileira.
O portal SATVIEW, desenvolvido pelo Brasil em parceria com Portugal e os Estados Unidos, permite acompanhar a localização do satélite em tempo real.