Na mesma quinta-feira 18 em que se divulgou o amplo estudo da Universidade Northwestern sobre a percepção que se tem das mulheres americanas no mercado de trabalho, outra pesquisa revelou que existem, sim, diferenças biológicas substanciais, programadas no DNA, entre o sexo masculino e o feminino. Realizado por cientistas do MIT, da Harvard e do Instituto Whitehead, o trabalho é um sopro de serena objetividade em um tema que costuma ser discutido, de parte a parte, em termos ideológicos e emocionais. As diferenças entre homens e mulheres (ou entre machos e fêmeas: o estudo não se limita a humanos) estão inscritas na carga genética e não são, portanto, simples imposições da cultura patriarcal. No entanto, são diferenças meramente físicas, que não justificam tratamento desigual, por exemplo, entre colegas de escritório.
O objetivo foi identificar variantes genéticas entre machos e fêmeas humanos e de outras quatro espécies de mamífero. Analisaram-se o material genético e os tecidos biológicos — conjuntos de células que desempenham funções específicas — dos animais. A observação rastreou centenas de genes que atuam de forma distinta em indivíduos do sexo masculino e do feminino. Machos e fêmeas apresentaram características bem particulares. Seria biologicamente impossível, por exemplo, uma atleta ter bíceps iguais aos ostentados por Arnold Schwarzenegger no filme Conan, o Bárbaro, de 1982. Tais diferenças são visíveis e óbvias — o estudo apenas amplia a compreensão de como os genes determinam as distinções entre os sexos. Dado mais relevante: nada foi encontrado no DNA que leve a discrepâncias intelectuais ou comportamentais significativas entre homens e mulheres.
Publicado em VEJA de 24 de julho de 2019, edição nº 2644