A extinção dos dinossauros pode ter sido uma questão de azar – ao menos é o que sugere um estudo divulgado nesta quinta-feira no periódico Scientific Reports. Os pesquisadores afirmam que um asteroide como aquele que atingiu a Terra há 66 milhões de anos só poderia levar à cadeia de eventos catastróficos que causou uma extinção em massa se tivesse caído em regiões ricas em hidrocarbonetos (compostos orgânicos de carbono e hidrogênio), que correspondem a apenas 13% da área do planeta. Em outras palavras, era muito mais provável que a extinção não tivesse ocorrido – mas parece que os animais pré-históricos não tiveram muita sorte.
“O local de impacto do asteroide mudou a história da vida na Terra”, escrevem os pesquisadores no estudo, liderados por Kunio Kaiho, da Universidade de Tohoku, no Japão. Segundo a equipe, o maior problema da queda dessa rocha gigante, que criou uma cratera de 180 quilômetros em um território onde hoje fica o México, não foi o impacto da colisão. Claro, muitos animais morreram na hora, mas a maior catástrofe veio depois, quando a energia gerada pela colisão começou a aquecer a matéria orgânica presente nas rochas e a liberá-la na atmosfera. Isso acabou causando uma espécie de nuvem de fuligem, que bloqueou os raios solares e provocou uma queda tão drástica das temperaturas que os animais não conseguiram resistir.
Kaiho e sua equipe basearam seus resultados em um modelo climático global, calculando as anomalias de temperatura causadas pela fuligem na estratosfera e medindo a quantidade de hidrocarbonetos nas regiões ao redor do impacto.
De acordo com os resultados, a fuligem liberada provocou um resfriamento global de 8ºC a 11ºC, e as temperaturas da água do mar despencaram para valores de 5ºC a 7ºC. As chuvas também foram afetadas: a precipitação caiu entre 70% e 85% em relação a antes do evento.
Os pesquisadores concluíram que esses eventos de extinção em massa só teriam ocorrido se o asteroide tivesse atingido algumas das áreas ricas em hidrocarbonetos. Se o impacto acontecesse em qualquer outra parte – ou seja, nos 83% de área restantes –, a fauna e flora do Mesozoico teria sobrevivido, quem sabe, até os dias atuais.