Foi um grande acontecimento, na América do Norte, ver o dia virar noite, mesmo que por alguns minutos. Na segunda-feira 8, mais de 45 milhões de pessoas se reuniram ao longo de uma faixa de 13 000 quilômetros de extensão por 185 quilômetros de comprimento para testemunhar os efeitos do eclipse total do Sol, o evento astronômico pelo qual a Lua bloqueia completamente os raios reluzentes da nossa estrela. Quem estava no caminho que se estende de Mazatlán, no México, até o estado de Terra Nova e Labrador, no Canadá, passando por um cinturão a sudeste dos Estados Unidos, viu o momento em que um bruxuleante círculo de fogo multicolorido se materializou em volta do satélite natural. A cena foi recebida com festa, emoção e estardalhaço, a despeito das consequências soturnas que se seguiram — a escuridão e, em alguns casos, o frio. Munidos dos inevitáveis óculos especiais, que impedem danos à retina, famílias inteiras, adultos e crianças, jovens e idosos, se reuniram para acompanhar o raro evento. Eclipses totais, como o de agora, acontecem a cada onze a dezoito meses, em algum lugar do mundo, mas não costumam cruzar o caminho de milhões de pessoas. Os Estados Unidos experimentaram um deles pela última vez em 2017 — o próximo será em 2045. E nós, aqui do lado de baixo do Equador? Um eclipse anular, mais modesto, ocorrerá em 2 de outubro. Será visível em boa parte da América do Sul. No Brasil, ele dará a cara no Centro-Sul. E salve a beleza inimitável dos ciclos da natureza.
Publicado em VEJA de 12 de abril de 2024, edição nº 2888