Ultimamente, muito se tem falado sobre o potencial das florestas de absorver e acumular carbono, algo essencial para desacelerar as mudanças climáticas. Hoje, este potencial está largamente subutilizado, mas uma pesquisa divulgada nesta terça-feira, 14, aponta que a restauração ambiental tem o potencial de capturar pelo menos 30% do excesso de emissões de origem humana – desde que se mantenha a biodiversidade.
De acordo com o estudo conduzido por um grupo internacional de pesquisadores e publicado na Nature, as florestas têm o potencial de armazenar 328 gigatoneladas de carbono a mais do que fazem atualmente. Restaurar todo esse potencial não é possível devido a atual utilização de áreas para o progresso urbano e para a agricultura, mas a área que poderia ser restaurada, sozinha, seria suficiente para capturar 226 gigatoneladas, o que representa cerca de um terço do excesso das emissões antrópicas, responsáveis pelo aquecimento global.
Desse potencial, 39% poderia ser atingido a partir da restauração de áreas que foram completamente degradadas, mas os outros 61% poderiam ser alcançados apenas com a proteção de florestas já existentes, que conseguiriam recuperar sozinhas sua vegetação original. “A maior parte das florestas do mundo está altamente degradada, para restaurar a biodiversidade global, acabar com a desflorestação deve ser uma prioridade máxima”, afirma o autor do artigo, Lidong Mo, em comunicado.
Um estudo anterior, publicado na Science, já havia apontado o potencial do reflorestamento de aumentar a capacidade de armazenamento de carbono em pelo menos 200 gigatoneladas, mas isso gerou discussões a respeito das possíveis consequências da plantação em massa de árvores. De acordo com os críticos, para que a restauração seja positiva, toda a biodiversidade deveria ser levada em consideração.
De fato, de acordo com o novo trabalho, a biodiversidade tem um papel importante no potencial de absorção de carbono. Para que não haja nenhum desequilíbrio e para que o benefícios sejam completos, todos os tipo de ecossistemas devem ser restaurados, inclusive pastagens e zonas úmidas.
Para os autores, isso só poderá ser atingido através da valorização de comunidades locais e indígenas. “A restauração não se trata de plantações em massa de árvores para compensar as emissões de carbono, mas de direcionar o fluxo de riqueza para milhões de comunidades que promovem a biodiversidade em todo o mundo”, afirma o autor sênior do artigo, Thomas Crowther. “Somente quando a biodiversidade saudável for a escolha preferida das comunidades locais é que conseguiremos a captura de carbono a longo prazo.”