Um artigo publicado essa semana na revista científica Current Biology revela a triste história de um predador ancestral. Chamado de Inostrancevia, o animal foi vítima da maior extinção em massa registrada até hoje, há 252 milhões de anos.
Na época, o mundo passou por um longo período de aquecimento global, provocado por uma intensa atividade vulcânica na região da Sibéria. Para tentar fugir da crise climática que assolava o mundo, a espécie deixou seu lugar de origem e viajou, ao longo de alguns séculos, por cerca de 12 mil quilômetros.
Os primeiros fósseis do Inostrancevia foram descobertos na região noroeste da Rússia, próximo ao mar ártico. A fera, que podia chegar aos quatro metros de comprimento, pertencia a classe de protomamíferos, um grupo de animais que mescla características de répteis e mamíferos. O trabalho mais recente encontrou fósseis do predador no sul da África, o que sugere que a espécie teria feito uma longa viagem em busca de sobrevivência, quando os continentes ainda estavam todos unidos em uma única Pangeia.
Apesar de ter se tornado o maior predador da região quando chegou a África, o animal não resistiu muito tempo e foi rapidamente vitimado pelo intenso impacto no ecossistema, o que impediu a fera de deixar descendentes. O Inostrancevia não foi o único impactado – acredita-se que até 90% das espécies que viveram naquela época foram dizimadas pelo evento que, ao longo de alguns milhões de anos, aumentou a temperatura da atmosfera e provocou desertificação e diminuição das taxas de oxigênio.
O episódio devastador teve seu ponto positivo. Grande parte dos protomamíferos, dominantes naquele momento, foram dizimádos. O acontecimento deu vantagem para os répteis sobreviventes, mais adaptados ao clima extremo, o que permitiu o desenvolvimento dos dinossauros que, então, dominaram a Terra por 150 milhões de anos.