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Fóssil de formiga mais antigo do mundo é descoberto no Ceará

Espécime de 113 milhões de anos representa a primeira evidência em rocha de uma “formiga do inferno”, grupo extinto de predadores com mandíbulas especializadas

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 abr 2025, 13h11

Um fóssil incrivelmente bem preservado encontrado no interior do Ceará acaba de se tornar o registro mais antigo de uma formiga já identificado pela ciência. Com 113 milhões de anos, o inseto pertence à subfamília extinta Haidomyrmecinae, mais conhecida como “formigas do inferno”, e representa o primeiro exemplar do grupo encontrado em rocha calcária, em vez de âmbar. A descoberta foi feita por pesquisadores do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) e publicada nesta quinta-feira (24) na revista Current Biology.

Batizada de Vulcanidris cratensis, a espécie foi encontrada na Formação Crato, no Araripe, região reconhecida pela riqueza de fósseis do período Cretáceo. Até então, os registros mais antigos de formigas estavam restritos a depósitos de âmbar da França e de Myanmar, com até 100 milhões de anos. O novo achado empurra essa linha do tempo em pelo menos 13 milhões de anos e amplia a compreensão sobre a origem e dispersão dos primeiros grupos de formigas.

Reconstrução paleoartística da formiga Vulcanidris cratensis. À esquerda, a linha do tempo mostra a posição da espécie dentro da subfamília extinta Haidomyrmecinae.
Reconstrução paleoartística da formiga Vulcanidris cratensis. À esquerda, a linha do tempo mostra a posição da espécie dentro da subfamília extinta Haidomyrmecinae. (Diego Matiello/Reprodução)

O que mostra o fóssil?

A análise do fóssil por microtomografia revelou um aparato mandibular altamente especializado, com mandíbulas voltadas para cima e uma projeção facial, características típicas das formigas do inferno. Essas estruturas sugerem comportamentos de caça complexos, como prender ou perfurar presas — estratégias muito diferentes das adotadas pelas formigas modernas.

A descoberta também amplia o entendimento sobre a biogeografia do grupo. Até agora, os fósseis de Haidomyrmecinae eram conhecidos apenas em regiões do hemisfério norte. O achado no Brasil indica que essas formigas já estavam presentes também no hemisfério sul, o que aponta para uma dispersão global precoce, possivelmente impulsionada por conexões entre os continentes de Gondwana e Laurásia durante o Cretáceo.

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Reconstrução tridimensional da formiga Vulcanidris cratensis a partir de imagens obtidas por microtomografia computadorizada. A técnica permitiu visualizar detalhes internos da anatomia do fóssil sem danificar a rocha.
Reconstrução tridimensional da formiga Vulcanidris cratensis a partir de imagens obtidas por microtomografia computadorizada. A técnica permitiu visualizar detalhes internos da anatomia do fóssil sem danificar a rocha. (Odair M. Meira/Reprodução)

Por que a descoberta é relevante?

Embora tenha mandíbulas de aparência ameaçadora, o fóssil foi encontrado em um contexto onde as formigas não eram os predadores dominantes. Outras linhagens de insetos, como vespas e baratas, eram mais comuns na região. Ainda assim, a presença de uma espécie tão especializada em um ambiente semiárido e sazonal, como o da Bacia do Araripe, reforça a ideia de que as primeiras formigas ocupavam nichos ecológicos diversos.

O espécime pertence à coleção do Museu de Zoologia da USP, e o estudo contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que também apoiou as análises por tomografia computadorizada.

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