Estudo detecta diferenças entre a mente humana e a de outros primatas
A conclusão é a de que alguns tratamentos de doenças cognitivas testados em animais (como camundongos) possuem menos chances de funcionarem no homem

O cerebelo humano é uma parte da caixa craniana que pode conter respostas para doenças cognitivas, geralmente, resultantes da sua má formação durante a gestação do embrião e até depois do seu nascimento. Até então, a ciência buscava estudar possíveis tratamentos para essa parte do cérebro por meio de testes no cerebelo de outros mamíferos, ao exemplo de ratos e macacos. Contudo, um novo estudo publicado na revista cientifica Science, pelo Centro de Integração de Pesquisas do Cérebro de Seattle, nesta quinta-feira, 17, mostra que o desenvolvimento dessa região do órgão humano é único, incomparável ao de outros animais e, por consequência, esse fator impede que tratamentos vindos de cobaias sejam exitosos.
Os defeitos congênitos do cerebelo humano são bastante comuns. Eles costumam causar deficiências motoras e cognitivas, e a maior parte do conhecimento sobre o desenvolvimento desse tecido tem como origem a observação de camundongos, nos quais o desenvolvimento mental é findado em apenas 15 dias de vida. Por outro lado, a evolução do órgão humano chega na casa dos dois anos.
Entre outras diferenças, os pesquisadores relatam que, em humanos, uma estrutura chamada lábio rômbico – que se rompida ou má formada causa distúrbios cognitivos – leva mais tempo para amadurecer do que em qualquer animal. O lábio rômbico humano também tem a função de criar alguns tipos de células neurais no lóbulo posterior – processo que não é observado em outros organismos, incluindo o de macacos.
Para os autores, essa primeira luz sobre as particularidades do cerebelo humano irá refinar a percepção dos cientistas em uma área da neurologia que tem alto custo de pesquisa, mas pode estar orientado por observações inválidas. “Nossos estudos destacam a urgência de mais análises do desenvolvimento cerebelar de humanos, em comparações com em outros animais. Só assim podemos entender as limitações das pesquisas ao seu usar, por exemplo, camundongos como referência”, destaca a equipe por trás do estudo, no comunicado de lançamento da descoberta.