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James Webb descobre ‘galáxia impossível’ no universo primitivo

Revelação pode mudar o que se sabe sobre matéria escura e formação de corpos estelares

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 Maio 2024, 17h16 - Publicado em 15 fev 2024, 16h30
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  • Desde o início do seu funcionamento, em julho de 2022, o telescópio espacial James Webb tem feito descobertas estonteantes a respeito dos primeiros anos de existência do nosso universo. Com equipamentos poderosos e sem uma atmosfera como empecilho, ele consegue capturar imagens muito distantes – e consequentemente muito antigas – revelando a vida estelar logo após o Big Bang. Os dados mais recentes, contudo, desafiam os paradigmas da astrofísica. 

    O estado atual do conhecimento sugere que galáxias massivas não eram possíveis nos primeiros milhões de anos do universo porque ainda não existia matéria em concentração suficiente para formar esses aglomerados. Um artigo publicado nesta quarta-feira, 14, no entanto, descreve uma galáxia 4 vezes maior que a Via-Láctea que teria surgido há mais de 11,5 bilhões de anos atrás, contendo estrelas ainda mais antigas, com cerca de 13 bilhões de anos – apenas 700 milhões de anos mais jovens que o próprio universo. 

    Quais serão os próximos passos?

    Os dados ainda revelam que, além do aglomerado estelar ser bem mais antigo do que se imaginava possível, no período em que emitiu sua luz, já estava em um estado quiescente (sem uma intensa formação estelar). “A questão chave agora é como é que se formam tão rapidamente no início do Universo e que mecanismos misteriosos os levam a impedir a formação de estrelas abruptamente, enquanto o resto do Universo o faz”, afirma Themiya Nanayakkara, coautora do trabalho publicado na Nature, em comunicado.

    A descoberta é especialmente desafiadora porque os modelos atuais presumem que, para que uma galáxia desse tamanho se forme, é preciso haver uma concentração ideal de matéria escura e bárions, um tipo de partícula subatômica, para engatilhar a gênese desses aglomerados.  “Isto ultrapassa os limites da nossa compreensão atual de como as galáxias se formam e evoluem”, diz Nanayakkara. 

    O estudo dessa galáxia é desafiador desde o início, pois era muito opaca para ser estudada observando telescópios terrestres. “Temos perseguido esta galáxia em particular há sete anos e passamos horas a observando com os dois maiores telescópios da Terra para descobrir quantos anos ela tinha”, diz o pesquisador responsável pelo estudo, Karl Glazebrook. “No final, tivemos que sair da Terra e usar o James Webb para confirmar a sua natureza.”

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    O local privilegiado de observação do James Webb permitiu o estudo mais aprofundado do “mais antigo monstro massivo inativo que existe nas profundezas do Universo”, nas palavras dos próprios pesquisadores. Agora as pesquisas precisam continuar para investigar se outros corpos parecidos estão presentes no universo primitivo. 

    Existe precedente?

    Estudos anteriores do James Webb já haviam feito descobertas que apontavam nessa direção. Em abril de 2023, um estudo utilizando este equipamento revelou os aglomerados mais antigos descobertas até aquele momento e, meses depois, outra publicação trouxe a publico a presença de uma infinidade de galáxias bebês nos primeiros anos do Universo. 

    Esse é um exemplo de boa ciência. Que a humildade humana se curve diante das novas e entusiasmantes evidências. 

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