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Lançamento da missão Artemis prepara retorno da humanidade à Lua – e mira além

Cinquenta anos depois da última passagem pelo satélite natural, envio de cápsula tripulada representa um avanço científico fundamental

Por Natalia Tiemi Hanada Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 out 2025, 12h41 - Publicado em 3 out 2025, 06h00

Uma das frases mais emblemáticas da história da civilização e do conhecimento humano tem já 56 anos. “Um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade”, disse Neil Armstrong ao pisar na Lua, em 20 de julho de 1969, apogeu da missão cumprida pela Apollo 11. Em 1972, o comandante da Apollo 17, Eugene Cernan, deixaria a última pegada terráquea no regolito. De lá para cá, como se andássemos para trás, o satélite natural foi esquecido — ou quase, porque vagou pelos sonhos.

Na semana passada, enfim, a Nasa anunciou o lançamento de uma tripulação a caminho da Lua em fevereiro de 2026, a bordo da cápsula Orion. Os quatro astronautas (três homens e uma mulher) não descerão no campo rochoso, não darão passo algum em chão de pedra, mas é capítulo histórico. Em dez dias de ida e volta, além do passeio ao redor da circunferência lunar (veja no desenho), estarão no espaço não por nostalgia, ou porque atravessamos uma outra Guerra Fria, agora entre os Estados Unidos e a China, réplica imperfeita do confronto entre americanos e soviéticos no período entre o fim da Segunda Guerra Mundial e a queda do Muro de Berlim. A motivação do retorno é científica, sobretudo.

arte Lua

A ideia é garantir segurança para futuras aventuras. Abrir caminho para que, em 2027, um ser humano volte a deixar uma pegada lá em cima, dentro do cronograma previsto. Buscam-se, agora, minerais que cá embaixo inexistem e, quem sabe, água. Estudam-se os limites de sobrevivência de gente como a gente em território inóspito. Os avanços de agora, na comparação com 1969, justificam a iniciativa, que soa antiga, mas não é. Trata-se de magnífico trampolim para desvendar parte do infinito, outras galáxias, talvez — mas certamente Marte, o planeta vermelho, que nunca deixou de exercer fascínio. “Vamos usar as modernas compreensões da física — a gravidade da Terra e da Lua — para garantir que possamos trazer a tripulação de volta sem a necessidade de grandes correções de curso ou queimas de propulsão”, diz Lakiesha Hawkins, especialista em sistemas de exploração da Nasa. “Isso é algo que já experimentamos antes; se lembrarmos do passado, fizemos assim nas missões Apollo 8 e Apollo 13, e agora aperfeiçoaremos os cuidados.” Contudo, a reentrada na atmosfera é sempre momento de grande preocupação e, é natural, de cautela. Por isso tanta demora para a retomada.

A missão Artemis II é a continuação do sucesso da Artemis I, que, em novembro e dezembro de 2022, realizou um voo não tripulado bem-sucedido. Foi um teste para a espaçonave e seu foguete, atalho para a missão tripulada. Há, porém, apesar do recente anúncio, de todo o bem-vindo estardalhaço, algum receio: o governo de Donald Trump reduziu os gastos com a exploração lunar, influencia do pelo amigão Elon Musk, amante de Marte. Sim, Musk já era, deixou a administração do republicano, brigou com o parceiro, mas o empenho marciano, está aí, vivíssimo. Aposta-se na preservação do projeto lunar, contudo, porque ele tem, digamos assim, pé no chão. Olha para o futuro, sem dúvida, mas tem estacas fincadas no real. “Diferente do programa Apollo, estamos voltando à Lua com o objetivo de estabelecer uma presença sustentada em sua superfície”, disse a cientista Hawkins. “Queremos demonstrar a capacidade de permanência a longo prazo na Lua.” Não se trata, portanto, de abraçar o universo, ainda que um dia esse movimento possa ocorrer.

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RETOMADA - Os tripulantes da Artemis II: ineditismo desde 1972
RETOMADA - Os tripulantes da Artemis II: ineditismo desde 1972 (Frank Michaux/Nasa)

A turma da Artemis II, enfim — antes que a Artemis III pouse lindamente no branco que vemos nas noites enluaradas —, deve ser celebrada. O comandante Reid Wiseman, o piloto Victor Glover e os especialistas de missão Christina Koch e Jeremy Hansen tendem a ir para as enciclopédias. Devem ser aplaudidos como heróis de um período de negacionismo acelerado pela obtusidade ideológica. Cumprirão, uma vez mais, a ambição rabiscada pelo escritor argentino Jorge Luis Borges em um belo poema: “Ariosto me ensinou que a duvidosa Lua abriga os sonhos, o inapreensível, o tempo que se perde, o possível/ ou o impossível, que é a mesma coisa”.

Publicado em VEJA de 3 de outubro de 2025, edição nº 2964

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