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Meteorito modificou campo magnético da Terra, diz agência

Impacto com o objeto rochoso há 540 milhões de anos pode ter sido a causa da anomalia que existe ao redor da cidade centro-africana de Bangui

Por Da redação
24 mar 2017, 10h48

A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) divulgou esta semana um comunicado afirmando que a anomalia detectada no campo magnético ao redor da cidade de Bangui, na República Centro-Africana, pode ser causada pelo impacto de um meteorito 540 milhões de anos atrás. Nessa região, segundo a nota, o campo magnético é “significativamente mais agudo e mais forte” do que no resto do planeta. A alteração foi observada em um novo mapa do campo, elaborado pela equipe da agência, que possui a maior resolução já alcançada.

“Medições do espaço têm grande valor, pois oferecem uma visão global nítida sobre a estrutura magnética da camada externa rígida do nosso planeta”, diz Rune Floberghagen, líder da missão Swarm, cujo satélite, assim como o alemão CHAMP, forneceu os dados para fazer o mapeamento. Segundo os cientistas, compreender o campo magnético da Terra, assim como suas anormalidades, é importante para desvendar a história do planeta que está impressa em sua crosta. Esse campo é como “um enorme invólucro que nos protege da radiação cósmica e das partículas carregadas que bombardeiam nosso planeta com o vento solar”, sem o qual “não existiria a vida tal como conhecemos”, escreve a agência.

Cientistas descobrem anomalia no campo magnético da Terra
Mapa de alta resolução que mostra a anomalia no campo magnético ao redor de Bangui, em vermelho (ESA/DTU Space/DLR/Divulgação)

A maior parte do campo magnético, segundo a ESA, se forma a 3.000 quilômetros de profundidade, pelo movimento de ferro fundido do núcleo externo. Os 6% restantes se são originados pelas correntes elétricas existentes no espaço que rodeia a Terra e as rochas magnetizadas na litosfera superior – porção rígida mais exterior do planeta, que corresponde à crosta e o manto superior.

O mapa construído pela equipe de cientistas europeus conseguiu mostrar com detalhes as variações no campo magnético litosférico, que, por ser mais frágil, é mais difícil de ser observado do espaço. Uma delas é a que está localizada em Bangui. Os pesquisadores suspeitam que ela tenha sido originada por um impacto com um objeto rochoso no passado, pois ele muda conforme uma nova crosta é criada pela atividade vulcânica e pelo resfriamento do magma. Esses minerais solidificados deixam um registro da história magnética da Terra.

Segundo o cientista Dhananjay Ravat, da Universidade de Kentucky, nos Estados Unidos, as linhas do campo magnético também permitem identificar os movimentos das placas tectônicas. “O novo mapa define as características do campo magnético até 250 quilômetros de profundidade e pode ajudar a investigar a geologia e as temperaturas na litosfera da Terra”, adiciona.

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