Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

O cânhamo vira matéria-prima para alimento, roupa, cosmético e até casa

Impulsionado pelo uso medicinal, o material deixa o estigma de lado

Por Lucas Andrade
Atualizado em 4 jun 2024, 14h37 - Publicado em 30 out 2020, 06h00

A chegada dos portugueses ao Brasil em 1500 foi influenciada pelo cânhamo. A fibra resistente, presente nas velas e nas cordas das caravelas, ofereceu as condições para que os navegadores pudessem atravessar o Atlântico e, depois, dominassem o novo território repleto de riquezas naturais. Se era considerado um material de ponta na época das grandes aventuras marítimas, o produto acabaria perdendo espaço com o passar dos anos até ser estigmatizado por causa de sua origem: a Cannabis sativa, a planta usada na produção da maconha. O combate às drogas quase liquidou o uso industrial do cânhamo, mas a história vem mudando nos últimos anos sob influência das pesquisas científicas. Rica em canabidiol (CDB), a substância tem sido empregada no tratamento de convulsões, epilepsia e esclerose múltipla e, em paralelo, vem se tornando matéria-prima também para a confecção de roupas, fabricação de cosméticos e alimentos e na construção de casas.

Os Estados Unidos descobriram o tremendo potencial econômico da planta pegando o vácuo da comprovada eficácia medicinal. Estima-se que, até 2025, o mercado deverá movimentar 35 bilhões de dólares anuais no país. Em 2018, quando o cânhamo foi legalizado em território americano, a cifra mal chegava a 1 bilhão de dólares. O Brasil, por ora, é espectador do movimento. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite apenas a importação do insumo para a fabricação de medicamentos. “Soa contraditório, porque isso protege o mercado externo e impede a construção de uma cadeia nacional”, diz o advogado Arthur Ferrari Arsuffi, que atua em três ações para liberar o plantio da erva no Brasil.

jaque-levis-canhamo.jpg
PSICODÉLICA - Jaqueta feita a partir da substância: onda sustentável – (./Divulgação)

Em tramitação na Câmara, um substitutivo de projeto de lei é a principal esperança para aqueles que desejam a legalização do cultivo no país. Enquanto isso não ocorre, a expectativa é que o aumento da oferta diminua o custo do insumo e reduza o preço final dos medicamentos — e, no futuro, o dos produtos manufaturados. “Ao não agilizar o processo, desperdiçamos oportunidades por puro preconceito”, diz Marcelo De Vita Grecco, fundador da The Green Hub, empresa criada para fomentar negócios voltados para o uso medicinal do cânhamo no Brasil.

A onda pró-cânhamo tende a se fortalecer nos próximos anos, no embalo da busca por produtos sustentáveis. “As grandes marcas de beleza estão apostando em itens feitos a partir da substância”, diz o engenheiro agrônomo Lorenzo Rolim, presidente da Associação Latino-­Americana de Cânhamo Industrial. Entre os produtos constam cremes hidrantes e máscaras faciais. Na indústria da moda, a Levi’s lançou no ano passado jeans e jaquetas feitos com 69% de algodão e 31% de cânhamo. No ramo de alimentos, fabricantes americanos vendem azeites com a substância. Apesar de ser uma variedade da Cannabis sativa, ressalte-se que o cânhamo possui baixo índice de THC, o componente que provoca a reação psicoativa da maconha. Ele pode até ser um ótimo negócio, mas não dá barato.

Publicado em VEJA de 4 de novembro de 2020, edição nº 2711

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.