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O que esperar da ciência em 2024, segundo revista especializada

Nature destaca os temas que devem apresentar maior progresso

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 Maio 2024, 16h26 - Publicado em 12 jan 2024, 12h01

A ciência é uma área em constante desenvolvimento, mas a cada ano alguns assuntos ganham mais destaque que outros. Em 2023, por exemplo, mudanças climáticas e inteligências artificiais foram temas que geraram discussões inúmeras. Neste ano, eles continuarão em voga, mas poderão dividir espaço com outros tópicos emergentes.

A Nature, uma das revistas científicas mais renomadas do mundo, levantou os objetos de estudo que deverão apresentar progressos importantes ao longo do ano que começa.

Inteligências Artificiais

Com o lançamento do ChatGPT no final de 2022, esse foi um dos assuntos que mais geraram discussão ano passado. Chamadas de IAs generativas, essa ferramentas são capazes de criar textos, imagens e vídeos, o que causou entusiasmo e medo em muita gente. Em 2024, à medida que a tecnologia invade outras áreas de atuação, as empresas lançam versões mais poderosas de suas ferramentas — GPT-5, Gemini, AlphaFold –, e o assunto deve continuar produzindo burburinho. Espera-se, também, uma evolução no campo regulatório que envolve o uso cada vez mais difundido das IAs.

Astronomia e exploração espacial

Esses são alguns dos campos que devem observar maior progresso. Apesar da crescente preocupação com a poluição luminosa causada por constelações de satélites, pelo menos dois grandes telescópios serão inaugurados ao longo dos próximos meses — Vera C. Rubin e Simons –, ambos no Chile, e deverão aumentar exponencialmente a capacidade de observação celeste. Além disso, diversas missões espaciais podem ser lançadas para explorar lugares ainda desconhecidos do sistema solar, como a missão Europa Clipper, em direção a uma das luas de Júpiter, a Martian Moons eXploration, rumo aos satélites naturais marcianos, e a Chang’e-6, que deve trazer amostras da região sul da Lua terrestre.

Mosquitos modificados

Esse é um dos pontos em que o Brasil ganha destaque. Uma parceria entre a Fiocruz e a ONG World Mosquito Program deve começar a produzir, por aqui, mosquitos Aedes aegypti infectados com uma bactéria capaz de reduzir a transmissão de vírus patogênicos, como o da dengue, o da zika, o da febre amarela e o da chikungunya. Espera-se que os 5 bilhões de mosquitos produzidos anualmente protejam até 70 milhões de pessoas dessas arboviroses.

aedes aegypti
Aedes aegypti: mosquito que transmite dengue e chikungunya. (Divulgação/Divulgação)
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Pandemia

A pandemia da Covid-19 passou, mas as diferentes cepas do vírus continuam circulando e ainda podem causar problemas. Para tentar encontrar novas maneiras de prevenção e impedir que o caos dos últimos anos se repita, pelo menos três vacinas com estratégias diferentes de imunidade podem avançar este ano. Além disso, a Organização Mundial da Saúde deve divulgar um documento, ainda no primeiro semestre, para orientar sobre a prevenção e o manejo de outras epidemias no futuro.

Matéria escura

Em 2024, um grande experimento conduzido na Alemanha, chamado de BabyIAXO, tentará detectar partículas chamadas de axions, um elemento ainda não observado experimentalmente, mas que, acredita-se, é emitido pelo Sol antes de ser convertido em luz. Além disso, o projeto Karlsruhe Tritium Neutrino tentará medir a massa dos neutrinos, e um outro empreendimento, DUNE, pretende investigar essas partículas elementares para entender o seu papel no surgimento de outros componentes naturais básicos.

Consciência

A neurologia é uma das áreas com mais espaço para avanço nas ciências biológicas, e parte dele pode chegar já em 2024. Neste ano, dois grandes projetos que tentam entender as bases concretas da consciência podem liberar seus resultados — caso não falhem, como ocorreu na primeira fase de experimentos, eles podem revelar uma parte importante do processo evolutivo da humanidade.

Mudanças climáticas

Em 2023, a soma entre aquecimento global e El Niño produziu o ano mais quente da história da humanidade, chegando a temperaturas médias muito próximas do limite estabelecido pelo Acordo de Paris. À medida que os impactos das ações antrópicas se tornam mais concretos, a sociedade e os fóruns internacionais exigem medidas efetivas e punições igualmente severas a quem não respeitar o que for estabelecido. Poluição plástica e efeitos sobre os ecossistemas também serão discutidos.

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Mapa de calor da Universidade do Maine, nos EUA, mostra temperatura média no globo na segunda-feira, 3 de julho
Mapa de calor da Universidade do Maine, nos EUA, mostra temperatura média no globo na segunda-feira, 3 de julho (Divulgação/Divulgação)

Supercomputadores

Quem cresceu entre as décadas de 1990 e a primeira década dos anos 200o sabe o quanto esse assunto foi popular. Embora o entusiasmo tenha arrefecido na última década, o tema pode voltar a ganhar atenção em 2024, quando pelo menos três supercomputadores — Aurora e El Capitan, nos Estados Unidos, e Jupiter, na Europa — entrarão em operação. Com um poder de processamento inédito, serão utilizados para modelar o funcionamento de órgãos humanos, o que pode promover avanços rápidos.

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