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O retorno do lobo-terrível: como a ciência trouxe de volta uma espécie extinta há 10 mil anos

Conhecido graças à série Game of Thrones, o animal foi recriado geneticamente pela empresa Colossal Biosciences

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 abr 2025, 16h10 - Publicado em 7 abr 2025, 15h35

Os lobos-terríveis (“dire wolves”, do termo em inglês) foram perigosos predadores que viveram nas Américas. Seus fósseis foram encontrados na Venezuela, nos Estados Unidos e no Canadá, e cientistas acreditam que embora não fossem grandes em comparação com o lobo-cinzento, era animais formidáveis, de cerca de 80 quilos. Entre suas presas estavam bisões-antigos e mastodontes. Extintos há mais de 10 mil anos, sobreviveram apenas na ficção. Tiveram destaque na série Game of Thrones, da HBO, como os mascotes da família Stark. E apareceram em canções populares, como “Dire Wolf”, do Grateful Dead (“Quando acordei, o Lobo-Terrível/Seiscentos quilos de pecado/Estava sorrindo na minha janela/Tudo o que eu disse foi: ‘Entre’”, diz a letra). 

Agora, a startup Colossal Biosciences conseguiu um feito inédito: trazer esse animal de volta. Três novos espécimes, Remus e Romulus (uma menção a Rômulo e Remo, os irmãos ligados à fundação de Roma que foram alimentados por uma loba), de seis meses, e sua irmã menor, Khaleesi (em homenagem à personagem de Game of Thrones), de três meses. Informações sobre os animais foram divulgadas nesta segunda-feira, 7.

Para conseguir tal façanha, a Colossal analisou o DNA preservado em fósseis (dentes datados de 13 mil anos e um crânio bem mais antigo, de 72 mil anos). Ao decodificar o genoma dos animais, reescreveu o código genético do lobo cinzento usando ferramentas de edição genética, como o CRISPR Cas-9, e usou cães domésticos como mães de aluguel. Os animais estão sendo tratados em um centro de preservação da vida selvagem nos Estados Unidos, mas a localização exata é mantida em segredo para evitar visitas de curiosos.

Outros animais já estão sendo estudados pela Colossal. A startup pretende trazer de volta o dodô, o mamute-lanhoso e o tilacino, também conhecido como tigre-da-Tasmânia. Em março, a empresa surpreendeu a comunidade científica ao anunciar que havia conseguido copiar o DNA do mamute e usado esses dados para criar um rato lanhoso, um animal novo, com a pelagem comprida e o metabolismo acelerado do mamute.

Hoje, a empresa tem 130 cientistas em seu quadro de funcionários e foi avaliada em 10 bilhões de dólares

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Segundo a Colossal, o conhecimento adquirido com o processo de trazer de volta animais extintos pode ser usado para ajudar outras espécies que estão ameaçadas. As informações obtidas com o lobo-terrível podem ajudar a evitar que o lobo-vermelho seja extinto. O aprendizado obtido com o mamute pode ajudar a desenvolver espécies mais robustas de elefantes, capazes de resistir às mudanças climáticas. O tigre-da-tasmânia, por exemplo, poderia ajudar na preservação do marsupial conhecido como quoll.

De acordo com a revista Time, que visitou os animais no centro de preservação, o comportamento dos pequenos lobos é selvagem. Em vez de interagirem com os humanos, mostram desconfiança até com os cuidadores que os alimentam desde seu nascimento. 

Apesar do feito impressionante, há certos dilemas éticos envolvidos. Para começar, os animais usados como barrigas de aluguel podem sofrer e até morrer no parto. O processo é caro e perigoso. A reintrodução de animais há muito extintos pode causar efeitos devastadores em ecossistemas já estabelecidos. 

Segundo o CEO da Colossal, Ben Lamm, e Beth Shapiro, diretora científica da empresa, a pesquisa genética e a recriação desses animais é a forma mais eficaz de evitar a perda da biodiversidade. De acordo com dados do Center for Biological Diversity, organização localizada em Tucson, no Arizona, até 30% da diversidade genética do planeta pode ser perdida até 2050.

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