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O único continente sem Covid-19 – mas talvez não por muito tempo

No final do mês, os cientistas da Antártica terão que enfrentar riscos de contaminação com ferramentas mais precárias do que as nossas

Por Sabrina Brito Atualizado em 12 ago 2020, 21h48 - Publicado em 12 ago 2020, 18h45
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  • Desde meados de julho, a Antártica é o único continente do planeta ainda não afetado pelo novo coronavírus — o que se deve, é claro, ao seu isolamento do restante do mundo e ao clima inóspito do local. Ainda assim, há pessoas, sobretudo cientistas, na região. Justamente por causa desse isolamento e dos poucos recursos presentes no local, esses indivíduos estarão, ironicamente, bastante vulneráveis em caso de um surto de SARS-CoV-2 no continente.

    Anualmente entre o fim de abril e agosto, a Antártica passa por um período de escuridão, sem a presença do sol, o que significa que nenhum navio ou avião pode entrar. Assim, os pouco mais de mil estudiosos que estão atualmente no continente de gelo acabaram assumindo o papel de observadores enquanto o restante do mundo batalhava contra a nova pandemia.

    Seria fácil sugerir que essas pessoas permanecessem sozinhas e seguras na Antártica até o fim da pandemia. No entanto, elas precisam de muitos suprimentos para sobreviver em uma região tão hostil. Como a maior parte da comida e combustível havia sido entregue antes da explosão da crise, por ora, não há problema à vista. Entretanto, se as paralisações continuarem, os cientistas podem ter pela frente um futuro de escassez.

    Embora exames médicos rigorosos sejam exigidos de todos os moradores temporários do continente, o risco de o coronavírus chegar à Antártica — seja por meio do ar, do contato com pessoas vindas de fora ou dos novos suprimentos que serão entregues, por exemplo — existe. Para tentar diminui-lo, o uso de máscaras e o distanciamento social foram adotados pelas equipes que têm visitado o local.

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    Se o vírus de fato infectar os visitantes do continente, o resultado pode ser catastrófico. O clima frio é ideal para a propagação de doenças que contam com a fragilidade dos sistemas imunológicos e os cientistas vivem perto uns dos outros, o que facilitaria a contaminação.

    Lidar com os contagiados seria bastante desafiador. Algumas das maiores estações possuem respiradores e outros equipamentos respiratórios, mas as mais simples contam apenas com kits de primeiros-socorros, insuficientes para atender os doentes nesse caso.

    Por isso, as medidas de redução de disco de contágio serão essenciais para proteger as pessoas vivendo na Antártica. Quando o continente começar a reabrir em um ritmo mais rápido, no fim deste mês, os cientistas terão diante de si a complexa tarefa de enfrentar um inimigo microscópico, invisível. Depois de meses em isolamento, eles serão confrontados com os dilemas e as dificuldades que tomaram conta do planeta já há meses. Resta esperar que eles se saiam melhor do que nós.

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