Obra de esgoto revela maior depósito de fósseis da Nova Zelândia
Sítio conta com mais de 300 mil peças
Em 2020, um grupo de tratamento de água da cidade de Auckland, na ilha norte da Nova Zelândia, fazia uma grande reforma para aprimoramento do sistema de tratamento de esgoto quando se depararou com algumas conchas fossilizadas. Especialistas do Museu de Auckland foram chamados e descobriram que se tratava de um verdadeiro tesouro – aquele era o maior depósito de fósseis já descoberto no país.
A equipe de tratamento e os especialistas trabalharam juntos para remover o bloco com segurança e o resultado surpreendeu. Mais de 300 mil fósseis de 266 espécies diferentes foram arquivados pelo tempo, sob os pés dos quase dois milhões de moradores da cidade neozelandesa.
“A identificação detalhada dos fósseis mostra que eles foram depositados entre 3 e 3,7 milhões de anos atrás”, diz o paleontólogo Bruce Hayward. “Naquela época, o nível do mar estava ligeiramente mais alto do que é hoje, pois o mundo também estava vários graus mais quente do que agora e por isso entre os fósseis estão várias espécies subtropicais.”
No grupo não existiam apenas conchas. Além de pelo menos dez espécies que nunca foram descritas anteriormente, os pesquisadores encontraram diversas peças raras, como vértebras de baleia de barbatanas, um dente de cachalote quebrado, a espinha de um tubarão-serra, hoje extinto, placas dentárias de raias-águia e dentes de tubarões brancos.
Os pesquisadores explicam que entre as espécies existem representantes de diversos ambientes diferentes, desde as costas até o fundo marinho, mas que eles foram carregados pelas correntes até esse depósito, onde ficaram preservados. O achado foi dedicado a Alan Beu, especialista em fósseis de moluscos que participou do trabalho, mas faleceu em 2021. Os resultados foram publicados no periódico científico New Zealand Journal of Geology and Geophysics.