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Operação resgate

Enquanto pesquisadores driblam a burocracia e salvam o que podem do incêndio do Museu Nacional, parte do acervo é recriada em cópias tridimensionais 

Por Carol Zappa
Atualizado em 4 jun 2024, 16h22 - Publicado em 16 nov 2018, 07h00
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  • ARQUEOLOGIA ESCANEADA - Cabeça mumificada número 176: integrante da coleção egípcia adquirida por dom Pedro I em 1826 e doada ao museu, ela foi digitalizada em vários ângulos no laboratório da instituição como parte de um estudo para obter a reconstituição facial, ou seja, o rosto por baixo das bandagens. Agora as imagens, arquivadas em segurança em outros locais, serão usadas para replicar a peça original em impressora 3D (Museu Nacional/Divulgação)

    Ruínas ocas e chamuscadas, cobertas por tapumes, ocupam hoje o espaço do Museu Nacional, uma joia do império que um incêndio destruiu na noite de 2 de setembro. Dentro do palácio calcinado na Zona Norte do Rio de Janeiro, uma tragédia em que vários órgãos se culparam e ninguém foi responsabilizado, equipes de resgate trabalham há dois meses para dar conta de duas missões: o esforço braçal de remover escombros e a delicada procura das peças do acervo que restaram. “Se se puder contar com a boa vontade de todos os envolvidos, haverá uma possibilidade real de que em três anos uma parte do museu seja reaberta para visitação”, prevê, com otimismo, o diretor da instituição, Alexander Kellner. Enquanto os escombros são revirados — e a burocracia, a vilã de sempre, já começa a atrapalhar o processo —, laboratórios em vários pontos do Rio dedicam-se em para­lelo a recriar o que foi perdido por meio de imagens digitalizadas e remontadas em impressoras 3D.

    Para sorte de quem não teve a chance de visitar o Museu Nacional, o paleontólogo Sergio Alex Kugland Azevedo vinha desenvolvendo no laboratório de processamento de imagem digital da instituição um projeto de recriação tridimensional do acervo, para fins de pesquisa, em parceria com a PUC-Rio e o Instituto Nacional de Tecnologia. Nos últimos quinze anos, ele calcula que mais de 500 peças tenham sido digitalizadas através de scanners, de tomografia computadorizada — sim, aquela a que muita gente já se submeteu — e de fotogrametria, processo feito a partir de múltiplas fotografias. O modelo virtual obtido com essas técnicas é tratado, montado em um software e impresso, em “fatias”, em impressora 3D com resina, pó de náilon ou pó de gesso, dependendo do tipo de peça. “As réplicas não substituem os originais, claro. Mas podem perfeitamente mostrar como eram”, diz Azevedo, que planeja para o início de 2019 uma mostra com as obras recriadas.

    Museu Nacional
    FELINOS PARA SEMPRE – Gato mumificado: os egípcios antigos veneravam os gatos e os criavam em casa cercados de privilégios. A deusa Bastet tinha cabeça de felino. Quando os animais morriam, eram embalsamados, tal qual os humanos. Este exemplar do Museu Nacional havia sido digitalizado em tomografia computadorizada. As imagens foram usadas para fazer sua réplica em pó de náilon, que ainda será pintada para ficar idêntica ao original (à dir.) (Museu Nacional/Divulgação)

    Dentro do museu, o trabalho se encontra na primeira fase, de “contenção emergencial”, iniciada em 21 de setembro. Trabalhando ao lado dos operários, pesquisadores recuperaram o crânio de Luzia, o mais antigo fóssil humano das Américas, os meteoritos do Bendegó e Angra dos Reis e esqueletos de dinossauros, entre outras peças. Tudo o que é salvo das cinzas está sendo depositado no prédio anexo, porque os 33 contêineres prometidos no mês passado para o armazenamento do material resgatado ainda estão em processo de licitação. Pobre Museu Nacional.

    Publicado em VEJA de 21 de novembro de 2018, edição nº 2609

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