No dia 20 de abril de 2010, uma explosão provocou a destruição da plataforma Deepwater Horizon, operada pela petrolífera BP. Mais de 134 milhões de barris de petróleo foram despejados no Golfo do México, cobrindo uma área de mais de 2100 quilômetros, do Texas à Flórida. A explosão matou 11 trabalhadores da plataforma, e o petróleo causou a morte de milhões de peixes, aves, tartarugas e mamíferos aquáticos. Nos meses seguintes foram feitos esforços para retirar toda a poluição do mar, mas hoje, mais de 10 anos após o acidente, seus efeitos ainda são sentidos na região.
É o que aponta um estudo publicado no periódico científico Frontiers in Marine Science e elaborado por pesquisadores americanos e canadenses. Parte das substâncias químicas presentes no vazamento foram alteradas pela evaporação e pela ação de microrganismos, transformando-se em uma gosma insolúvel que até hoje é encontrada em pântanos e sedimentos de águas profundas, longe do alcance dos equipamentos responsáveis pela limpeza.
O principal problema é o impacto dessas substâncias na vida marinha. Algumas têm efeito cancerígeno, e outras têm reduzido as taxas de reprodução entre espécies mais longevas, como golfinhos e outros peixes. No caso dos golfinhos, pesquisas mostram que a taxa de sucesso na gravidez é de cerca de 20%, enquanto em regiões não afetadas pelo vazamento ela chega a mais de 83%.
Mas ainda não se sabe quais os efeitos a longo prazo, especialmente no caso de animais que nasceram após o acidente. O novo estudo analisa a composição dos químicos na região, e especialistas em vida marinha esperam partir dessas conclusões para compreender o tamanho e o tipo de impacto para a fauna local.