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Possibilidade de vida em Marte ganha novas evidências

Dados da sonda Perseverance, da Nasa, apontam que presença de material orgânico no planeta é maior do que se acreditava

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 jul 2023, 18h33 - Publicado em 18 jul 2023, 16h44
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  • Marte é um dos planetas do sistema solar que mais geram curiosidade, não só por ser um ponto brilhante e vermelho no céu noturno mas porque, provavelmente, será o primeiro planeta que a humanidade visitará. Também por isso é cercado por uma importante interrogação: será que esse vizinho abriga ou já abrigou alguma forma de vida? Os dados mais recentes da sonda Perseverance, da Nasa, trazem evidências novas para essa questão e apontam que a presença de material orgânico é mais frequente no corpo rochoso do que se acreditava.

    A investigação, publicada na Nature, indica a presença de uma diversidade de moléculas que contêm carbono, na cratera Jezero. Esse tipo de estrutura é importante, pois esse elemento químico é essencial para a formação de vida como se conhece na Terra. Além disso, essas substâncias podem funcionar como um rastro deixado por processos biológicos. 

    Os resultados também mostram que essas moléculas podem ter ficado preservadas por muito mais tempo na superfície do planeta do que se imaginava possível. A explicação pode ser atribuída à presença de água, porque o líquido favorece a ligação de minerais a essas estruturas que aumentam a estabilidade e as protegem da temperatura e da radiação, por exemplo. 

    Moléculas orgânicas já foram encontradas no planeta vermelho em outras ocasiões, pelas sondas Phoenix e Curiosity, mas isso não torna o achado menos surpreendente. “Apesar de não ser a primeira detecção, é importante saber que a matéria orgânica está difundida em Marte, sendo encontrada em regiões diferentes”, afirma o especialista em astrobiologia e professor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo Fábio Rodrigues

    No entanto, esses resultados ainda não são suficientes para confirmar a ocorrência de vida, no passado ou no presente, porque através dos equipamentos carregados pelas sondas não é possível saber com exatidão que moléculas são essas. O fato de que esses elementos também podem ser gerados por processos químicos não relacionados à vida, como os geológicos, também dificulta essa conclusão.

    Os próximos passos serão essenciais para compreender melhor esses dados. ”Os experimentos ressaltam a necessidade de mais estudos e a importância do investimento em missões de retorno de amostras, como já está sendo planejado”, explica Rodrigues. Segundo ele, através do estudo de amostras trazidas para a Terra será possível investigar a ocorrência de bioassinaturas, moléculas orgânicas que são produzidas exclusivamente por processos biológicos e que indicam mais precisamente a presença de vida.

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