Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) divulgaram nesta sexta-feira, 12, um levantamento das espécies registradas com uma armadilha fotográfica no Parque Estadual Campos do Jordão, uma unidade de conservação na Serra da Mantiqueira. Entre as 30 espécies registradas, quatro não são comumente vistas nesse habitat.
Quais foram as espécies exóticas encontradas?
As 34 armadilhas espalhadas pela unidade de conservação fizeram 900 registros entre maio de 2021 a abril de 2023. Em meio às capturas fotográficas, os pesquisadores identificaram quatro espécies exóticas à região: cachorro doméstico, javali, gado e cavalo.
Além dos animais não nativos, os pesquisadores também se depararam com mais uma surpresa: pela primeira vez foi possível localizar um furão-pequeno no parque estadual. “Ficamos muito felizes por poder contribuir com um registro inédito para o Parque”, diz Rhayssa Terra, autora do artigo publicado na Revista do Instituto Florestal, em entrevista a VEJA.
A falta de registros, no entanto, não significa que antes ele não estava lá. Também conhecido como Galictis cuja, o animal de porte pequeno, corpo alongado e coberto de pelos é muito ágil e, por isso, se esconde facilmente na floresta. “Como eles são muito rápidos, a princípio, a foto parece apenas um borrão”, explica Terra. “Mas conforme fomos prestando atenção nos detalhes e nas pistas que a foto traz, ficou claro que se tratava de um furão.”
O que a pesquisa mostrou sobre os animais da Mata Atlântica?
O objetivo do trabalho, em partes, era avaliar a biodiversidade do parque. De acordo com os pesquisadores, 30% dos 26 animais nativos registrados estão ameaçados de extinção, entre eles o lobo-guará, o gato maracajá e a queixada. Algumas espécies, antes presentes na região, como o cachorro-vinagre e a ariranha, não foram localizadas neste estudo.
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Apesar disso, a investigação trouxe uma notícia positiva para os ambientalistas. “Com o trabalho, confirmamos a presença de várias espécies de mamíferos que, além de serem muito carismáticas, possuem funções importantíssimas dentro da Mata Atlântica, como dispersão de sementes e controle de populações”, diz Terra. “Entender quais espécies de mamíferos vivem na região é fundamental para o desenvolvimento de estratégias eficazes de conservação.”
A pesquisadora ressalta ainda que a unidade de conservação é de extrema importância frente ao aquecimento global. De acordo com os pesquisadores, devido a sua altitude elevada e consequentemente mais fresca, ele pode se tornar um refúgio para espécies mais sensíveis às variações climáticas.