Rover da Nasa encontra evidências de antigos corpos d’água em Marte
As descobertas incluem ondulações preservadas em rochas, semelhantes às observadas em leitos de lagos na Terra

Desde 2012, o rover Curiosity, da Nasa, tem explorado Marte, desvendando segredos da história do planeta vermelho. Recentemente, ele encontrou na Cratera Gale sinais que indicam a presença de antigos lagos líquidos desprovidos de gelo. As descobertas incluem pequenas ondulações preservadas na rocha, semelhantes às observadas em leitos de lagos arenosos na Terra.
Essas ondulações, segundo os cientistas, foram formadas há cerca de 3,7 bilhões de anos por movimentos de água impulsionados pelo vento em leitos rasos. Esse cenário sugere que a água esteve exposta à atmosfera marciana, sem a cobertura de gelo.
Quarto planeta do Sistema Solar, Marte é conhecido por sua coloração avermelhada, causada pelo óxido de ferro em sua superfície. Embora tenha algumas semelhanças com a Terra, como vales, vulcões e evidências de antigos rios, suas condições atuais são extremamente inóspitas: temperaturas baixas, atmosfera irrespirável e calotas polares compostas de gelo de dióxido de carbono. Mesmo assim, Marte sempre despertou curiosidade, seja pelas antigas especulações sobre vida alienígena, seja pela possibilidade de que já tenha sido habitável.
Quais foram as novidades do Curiosity?
Lançado em 2011 e pousado em Marte em 2012, o Curiosity foi projetado para investigar a geologia e o clima do planeta, avaliando se ele já reuniu condições para abrigar vida primitiva. Equipado com câmeras, brocas e analisadores de amostras, o rover tem produzido dados preciosos para os cientistas.
Em um estudo recente publicado na Science Advances, os pesquisadores John Grotzinger e Michael Lamb, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, detalharam a descoberta de dois conjuntos de ondulações fossilizadas em rochas da Cratera Gale. As ondulações indicam a presença de lagos rasos, com profundidade estimada em menos de dois metros, e foram identificadas em duas áreas distintas: o afloramento Prow, outrora coberto por dunas, e a Faixa de Marcadores Amapari, rica em sulfato.
Essas formações indicam que, no passado, Marte teve um clima mais quente e uma atmosfera densa o suficiente para manter água líquida exposta. Modelos baseados nas dimensões das ondulações— com altura de 6 mm e separação de 4 a 5 cm —permitiram reconstruir aspectos desses corpos d’água.
Embora o rover Opportunity, predecessor do Curiosity, já tivesse identificado ondulações na superfície marciana, as evidências eram inconclusivas quanto à natureza dos corpos d’água associados. A nova descoberta do Curiosity reforça a ideia de que lagos e lagoas existiram de forma recorrente na paisagem marciana primitiva.
As descobertas do Curiosity não apenas contribuem para a reconstrução do clima marciano, mas também para o entendimento de como Marte perdeu sua atmosfera densa e sua capacidade de sustentar água líquida. Mais investigações futuras poderão revelar o quão comuns eram esses corpos d’água e se a habitabilidade marciana já foi uma realidade.