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Startup dos EUA quer minerar Lua em busca de gás valioso

Plano inclui enviar robôs ao solo lunar a partir de 2027 para coletar hélio-3, substância com aplicações em supercomputadores e potencial de gerar energia limpa

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 Maio 2025, 12h50

Uma startup dos Estados Unidos está prestes a dar um passo ousado: começar a minerar na Lua. A empresa se chama Interlune e tem um plano claro — coletar um gás raro chamado hélio-3, que praticamente não existe na Terra, mas está presente em grandes quantidades no solo lunar.

O hélio-3 pode parecer exótico, mas tem usos bastante práticos. Ele ajuda a resfriar computadores de última geração e, no futuro, pode ser a chave para produzir energia limpa por meio da fusão nuclear — o mesmo processo que alimenta o Sol. O objetivo da empresa é trazer os primeiros quilos do gás para a Terra já no início da próxima década.

Por que a Lua tem tanto hélio-3?

Na Terra, o hélio-3 é extremamente raro. Só existe em quantidades mínimas e custa caríssimo — cerca de 20 milhões de dólares por quilo. Já na Lua, esse gás está presente em abundância. Isso acontece porque o hélio-3 é expelido pelo Sol e viaja pelo espaço em forma de vento solar. Como a Terra tem um campo magnético que bloqueia essas partículas, quase nada chega aqui.

A Lua, por outro lado, não tem essa proteção, e o gás foi se acumulando no solo lunar durante bilhões de anos. Estudos indicam que o satélite natural da Terra guarda mais de um milhão de toneladas desse gás, enquanto o nosso planeta tem só 1,6 tonelada.

Como será feita a mineração lunar?

A Interlune pretende mandar máquinas não tripuladas para a região do equador lunar — a parte que conseguimos ver daqui da Terra. Essas máquinas vão cavar cerca de três metros no solo, aquecer o material para liberar o hélio-3 e depois devolver as rochas ao mesmo lugar. A ideia é fazer tudo sem o uso de produtos químicos ou deixar resíduos tóxicos.

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As primeiras missões de teste estão marcadas para 2027 e 2029. Se forem bem-sucedidas, a empresa espera trazer 20 quilos de hélio-3 para a Terra em 2030 e aumentar esse volume para 100 quilos ao longo dos cinco anos seguintes.

Promessa de energia limpa

Mesmo que a fusão nuclear ainda leve algum tempo para se tornar realidade, o hélio-3 já tem uso garantido em outra tecnologia de ponta: a computação quântica. Esses supercomputadores, capazes de resolver problemas complexos em segundos, precisam operar em temperaturas muito baixas — e é aí que entra o hélio-3.

A Interlune já fechou contratos com empresas do setor e estima que tem cartas de intenção que somam mais de 1 bilhão de dólares em vendas futuras. Nesta semana, anunciou seu primeiro cliente oficial: a Maybell Quantum, uma companhia especializada em infraestrutura para computadores quânticos, que comprará grandes quantidades do gás entre 2029 e 2035. O Departamento de Energia dos Estados Unidos também demonstrou interesse em reabastecer seus estoques.

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Quais são os riscos de transformar a Lua em um polo industrial?

Nem todo mundo está animado com essa corrida para explorar a Lua. Cientistas que estudam o espaço estão preocupados com o impacto das máquinas no ambiente lunar. A Lua é um local privilegiado para observações astronômicas, principalmente o seu lado oculto, que é extremamente silencioso do ponto de vista eletromagnético — ideal para captar sinais vindos do universo.

Pesquisadores defendem a criação de regras internacionais para proteger determinadas regiões da Lua e evitar conflitos entre ciência e exploração comercial. Atualmente, não existem leis claras sobre isso. Uma legislação dos Estados Unidos, aprovada em 2015, autoriza empresas americanas a se apropriarem de recursos extraídos no espaço. Em 2020, a NASA lançou os chamados Acordos Artemis, um conjunto de princípios para orientar essas atividades, mas eles não são obrigatórios e não foram assinados por países como China e Rússia.

A Interlune afirma que sua proposta é diferente da mineração tradicional e que seu processo é seguro e limpo. Além do hélio-3, a empresa pretende futuramente extrair outros recursos lunares, como água (que pode virar combustível para foguetes), metais como alumínio e titânio, e até materiais de construção. O objetivo, segundo a startup, é ajudar a construir uma economia no espaço.

Para alguns cientistas, esse tipo de exploração também pode ser positivo para o meio ambiente da Terra. A ideia é que, no futuro, parte das atividades de mineração sejam feitas fora do planeta, reduzindo os impactos ecológicos por aqui. Nesse cenário, a Lua se tornaria não apenas uma fonte de riqueza, mas uma aliada na preservação da vida terrestre.

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