Túmulo de mil anos com mulher viking e seu cachorro é descoberto na Noruega
Escavação em ilha do Círculo Polar Ártico revela ossadas humanas e caninas preservadas em barco funerário, com indícios de alto status social

Arqueólogos do Museu Universitário Ártico da Noruega descobriram, na ilha de Senja, acima do Círculo Polar Ártico, um túmulo viking com cerca de mil anos. O enterro, escavado no que restava de um barco de mais de 5 metros de comprimento, continha os restos mortais de uma mulher e de um pequeno cachorro, posicionado cuidadosamente aos pés dela.
O local foi identificado inicialmente por detectores de metais, que localizaram dois broches ovais e fragmentos de ossos a apenas 20 centímetros da superfície. Ao perceberem o valor potencial do achado, os responsáveis pelo equipamento interromperam a escavação e alertaram as autoridades. O túmulo estava praticamente na zona de arado de um campo — e poderia ter sido destruído facilmente por tratores.
A equipe de arqueólogos obteve autorização para escavar a área com mais profundidade e, ao removerem a fina camada de solo, revelaram uma embarcação funerária de cerca de 5,4 metros de comprimento, datada entre 900 e 950 d.C. Dentro do barco, estavam os esqueletos de uma mulher e de um cão, além de objetos valiosos que reforçam a importância social da falecida.

Quem era a mulher enterrada?
A presença de broches ovais de prata, adornos refinados e ferramentas domésticas indica que a mulher ocupava uma posição de destaque em sua comunidade — embora não estivesse no topo da hierarquia. Enterros em embarcações eram reservados a poucos indivíduos por geração e sinalizavam prestígio, especialmente quando acompanhados de bens de valor.
Outros itens encontrados incluem contas de osso ou âmbar, um pingente em forma de anel (possivelmente usado na cabeça), uma pedra de amolar de ardósia, uma foice de ferro e instrumentos ligados à produção têxtil — como uma espada de tecelagem e o que pode ser um fuso. Esses objetos reforçam a hipótese de que ela era responsável por tarefas centrais da vida doméstica e agrícola.

E o cachorro?
O cão foi colocado com cuidado aos pés da mulher, o que sugere que ele não era apenas um animal funcional, mas possivelmente um companheiro afetivo. Enterros humanos acompanhados de cães não são inéditos no período viking, mas também não são frequentes. A presença do animal pode indicar uma crença em seu papel de guia na jornada pós-vida, além de refletir laços emocionais.
A equipe ainda não conseguiu identificar a raça do cão, mas os exames devem revelar sua constituição física, idade e papel desempenhado na rotina daquela sociedade.
O que mais pode ser descoberto?
A análise dos ossos poderá indicar idade, altura, eventuais doenças ou ferimentos, padrões alimentares e até se a mulher viveu em mais de um local durante a vida. Testes avançados de DNA, embora ainda não previstos nesta fase da escavação, poderiam revelar detalhes como cor dos olhos e dos cabelos.
Os arqueólogos suspeitam que a área possa abrigar outros túmulos semelhantes. Broches encontrados nas proximidades sugerem que o local tenha sido um cemitério costeiro utilizado por várias gerações. A equipe pretende realizar levantamentos com radar de penetração no solo para verificar a existência de novas sepulturas.