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Ventos formam paisagem com gelo de ‘pele de dragão’ na Antártida

Fenômeno não era observado na região havia dez anos

Por Da Redação
8 Maio 2017, 15h28

Pesquisadores observaram um raro fenômeno em uma expedição no leste da Antártida: camadas de gelo com a aparência ‘pele de dragão’, algo que não era visto no continente havia dez anos. Divulgados na última sexta pela Universidade da Tasmânia, na Austrália, os registros foram feitos em abril deste ano pela tripulação do Nathaniel B. Palmer, navio americano de pesquisas na Antártida, e mostram a força dos ventos na região que congelam diversas camadas do oceano. “O gelo de pele de dragão é uma evidência muito rara e bizarra de um caos em superfícies permanentemente congeladas, não visto na Antártida desde 2007”, disse o pesquisador Guy Williams, da Universidade da Tasmânia, e um dos participantes da expedição.

Os participantes da viagem científica estudam o comportamento do vento em áreas de mar aberto na costa do continente, onde se forma gelo na superfície do mar, chamada de Polínias. No mar de Ross, no leste antártico, o vento que vem do continente é tão forte, denso e frio, que ele produz dez vezes mais gelo do que em outros mares dos polos. Os pesquisadores equiparam o fenômeno a um furacão de categoria um, com rajadas de 119 a 153 quilômetros por hora.

Gelo ‘pele de dragão’
Gelo ‘pele de dragão’ (Guy Williams/University of Tasmania/Divulgação)

Williams compara o processo ao uso de bandeja de cubos de gelo muitas vezes consecutivas. “Isso é o que os ventos estão fazendo na região, removendo o gelo, expondo a água e fazendo mais gelo. É incrível ver uma demonstração tão épica da interação oceânica-atmosférica polar”, disse em comunicado.

Mar congelado

O congelamento da água do mar é importante para o ciclo dos oceanos, pois apenas a água sem sal é congelada, já que a salgada tem uma temperatura de solidificação muito baixa. Assim, a água com sal acaba afundando e formando uma camada inferior muito densa e fria que pode descer até as profundezas das bacias oceânicas. Assim, as águas do fundo do mar sobem e geram as correntes frias. O mecanismo também recicla o oxigênio da região, levando o gás da superfície ao fundo, que poderia se esgotar com a oxidação de material orgânico.

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Agora os pesquisadores vão analisar as águas submersas da região e o aumento da salinidade. “Vamos passar as próximas duas semanas aproveitando os períodos mais calmos, quando os ventos caem, para fazer essas observações”, disse Williams.

Gelo ‘pele de dragão’
Navio Nathaniel B. Palmer cortando o gelo ‘pele de dragão’ (Guy Williams/University of Tasmania/Divulgação)
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