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Alexandre Schwartsman

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Economista, ex-diretor do Banco Central
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Quem nos navega

A piora da política econômica americana

Por Alexandre Schwartsman Atualizado em 26 ago 2024, 15h26 - Publicado em 23 ago 2024, 06h00

Os receios quanto à recessão americana, tema da coluna passada, se dissiparam. O mercado financeiro — nervoso, num dado momento, a ponto de pedir uma reunião extraordinária do Comitê de Política Monetária (FOMC) — agora projeta corte mais modesto na taxa de juros americana em setembro. No momento em que escrevo, atribui-se quase 80% de chance à redução de 0,25 ponto percentual da taxa básica de juros, devidamente seguida por cortes similares em novembro e dezembro. A aposta majoritária, portanto, é a de um “pouso suave”, isto é, a inflação convergindo para a meta nos próximos trimestres, sem grandes custos em termos de desemprego mais alto.

Passado o problema de curtíssimo prazo, o foco se desloca para o ano que vem, quando, sob nova direção, a economia dos Estados Unidos seguirá como balizadora relevante para o Brasil, assim como para o resto do mundo. Aqui fica impossível não falar de política, assunto que — como quase todo economista — imagino entender muito mais do que sei.

A renúncia de Joe Biden à candidatura presidencial zerou o jogo. O que parecia mera formalidade para Donald Trump transformou-se em competição acirrada, e quem acha que sabe qual será o vencedor, ou se engana, ou tenta enganar os demais. Do ponto de vista econômico, temos que avaliar ambas as propostas de política — no caso, muito ruins.

Nenhum dos lados tem um plano para acertar as contas públicas. Kamala Harris não parece disposta a mudar o rumo adotado por Biden no que diz respeito ao gasto, enquanto propõe — sem muita chance, diga-se — elevação do imposto de renda das empresas. Trump também não tem apetite para lidar com o gasto e, se eleito, deve brigar para prorrogar os cortes de impostos aprovados em sua gestão, marcados para acabar no ano que vem.

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“Falamos de um tempo de dólar forte, cujas consequências serão sentidas pelo mundo todo”

Adicionalmente, Trump promete elevar as tarifas de importação, em particular da China. Não que Biden não tenha sido protecionista, longe disso, postura que Harris deve manter se eleita. De qualquer forma, a integração da economia americana com o resto do mundo deve piorar, embora mais no caso de o republicano vencer a eleição.

Harris, da mesma forma, não é imune ao populismo. Sua proposta de evitar “elevação abusiva de preços” (price gouging) parte do diagnóstico errado sobre a origem da inflação, abrindo espaço para toda sorte de intervenção e, como toda experiência de controle de preços, tem tudo para dar com os burros n’água. Pode até ser uma boa plataforma eleitoral, mas como política econômica é um desastre.

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Nada disso deve, ao menos por ora, impedir a redução da taxa de juros. Resta saber qual dessas propostas — partindo do pressuposto de que algo nessas linhas será mesmo adotado — ajuda mais, ou melhor, prejudica menos a tarefa do FOMC. As expectativas de um desempenho fiscal pior sob Trump (portanto, mais estímulo à demanda), assim como tarifas ainda maiores (logo, preços mais elevados dos produtos importados), devem dificultar a queda da inflação e, por consequência, a queda dos juros.

Falamos em ambos os casos de um tempo de dólar forte, seja pelo efeito dos juros, seja pelas tarifas, cujas consequências serão sentidas pelo mundo todo, por aqui inclusive. Quem tiver a casa arrumada navegará melhor. Não é o nosso caso.

Publicado em VEJA de 23 de agosto de 2024, edição nº 2907

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