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Cachorro pré-histórico pode ter sido tratado como pet e morto por humanos

Fóssil de 16 mil anos encontrado em caverna na França faz parte de estudo recém-publicado e levanta dúvidas sobre os primeiros vínculos entre humanos e cães

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 abr 2025, 19h42 - Publicado em 21 abr 2025, 17h16

Um esqueleto canino do período Paleolítico, encontrado em 2021 por espeleólogos na caverna de Baume Traucade, no sul da França, acaba de ser analisado em detalhes por pesquisadores europeus. O estudo, divulgado na revista Quaternary Science Reviews, aponta que o fóssil tem entre 16 mil e 15.300 anos e pertence a um grupo conhecido como “cães paleolíticos” — animais considerados um estágio inicial no processo de domesticação dos lobos.

O que torna a descoberta especialmente rara é o excelente estado de preservação. Ao contrário da maioria dos fósseis da época, que costumam ser apenas fragmentos, o esqueleto da Baume Traucade está quase completo, o que permitiu uma análise aprofundada de sua morfologia. A fêmea adulta pesava cerca de 26 quilos e tinha 62 centímetros de altura na cernelha, tamanho comparável ao de cães de médio a grande porte atuais.

Como esse cão pré-histórico morreu?

Os ossos revelam uma história ambígua. De um lado, algumas vértebras fraturadas haviam cicatrizado, o que sugere que o animal sobreviveu por tempo suficiente para se recuperar de ferimentos graves — possivelmente graças a cuidados humanos. De outro, há perfurações recentes na escápula (omoplata), típicas de impactos com lanças ou flechas, indicando que ela pode ter sido morta por humanos.

Esse tipo de perfuração já foi observado em restos de animais caçados em períodos posteriores, como o Mesolítico, reforçando a hipótese de que se tratou de um ataque intencional.

Entre o lobo e o cão

Com base em análises morfométricas — que comparam proporções de ossos com as de lobos e cães modernos — os autores classificaram o animal como um “cão paleolítico”. Esses canídeos apresentam características intermediárias entre os lobos selvagens e os cães domesticados, como focinhos mais curtos e mandíbulas menos robustas.

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Eles teriam vivido ao lado de humanos em acampamentos e cavernas durante a última era glacial, há mais de 14 mil anos, alimentando-se de restos de caça e desenvolvendo laços com os grupos humanos. A hipótese é que lobos filhotes eram capturados e criados como animais de estimação, dando origem ao cão como o conhecemos hoje.

 Quando começou a domesticação dos cães?

A descoberta francesa reforça a ideia de que a relação entre humanos e cães no fim do Pleistoceno não era simples nem linear. O animal de Baume Traucade pode ter sido um companheiro por muitos anos — e, ainda assim, terminado como presa. A ambiguidade da relação é um lembrete de que a domesticação não foi um evento único, mas um processo complexo e cheio de nuances.

Os autores agora pretendem estudar o DNA do fóssil, o que pode ajudar a entender se ele é parente direto dos cães modernos ou parte de uma linhagem extinta.

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