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Dupla de milhões: como polvos e peixes armam emboscadas e caçam em grupo

Cientistas fizeram descobertas inéditas sobre como polvos solitários e várias espécies de peixes coordenam suas caçadas em busca de melhores resultados

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 set 2024, 15h57

Imagine uma caçada submarina, onde polvos e peixes de diferentes espécies se unem em um esforço coletivo para encontrar alimento. Essa cena, que poderia facilmente ser um enredo de uma animação de cinema, é real e ocorre nos recifes de corais do Mar Vermelho, uma região repleta de vida e biodiversidade. Ali, mais de mil espécies de peixes e outras criaturas marinhas, como os polvos, compartilham um objetivo simples e, no entanto, vital: se alimentar. 

Em geral, eles não são exigentes. Qualquer coisa que seja pequena e caiba na boca, eles vão tentar comer.  O modo como a caça da refeição acontece, porém, é curioso. Diferentes espécies se associam em comportamentos intrigantes, caçando juntas em grupos sistematicamente organizados.

Mas o que há por trás da aliança inusitada entre os polvos, tradicionalmente conhecidos como caçadores solitários, e diversos tipos de peixes? Por muito tempo, pesquisadores acreditavam que o polvo era o protagonista da caçada, enquanto os peixes apenas aproveitavam o momento para capturar as sobras. No entanto, um novo estudo conduzido por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Constança, na Alemanha, publicado no periódico científico Nature Ecology & Evolution, trouxe à tona uma descoberta fascinante: a liderança dessas caçadas é, na verdade, compartilhada. Os peixes servem como guias, encontrando presas e sinalizando sua localização, e o polvo usa seus braços flexíveis para capturar a presa escondida.

Uma sociedade subaquática

O pesquisador Eduardo Sampaio e a equipe da Universidade de Constança passaram meses mergulhando, munidos de câmeras 3D, para registrar a interação entre esses caçadores submarinos. A missão não foi fácil, afinal, polvos são mestres da camuflagem. Após ganhar a confiança da desconfiada espécie e deixá-las confortáveis o suficiente para continuar caçando em meio a mergulhadores e câmeras, a pesquisa acabou sendo bem sucedida. 

Foram horas de filmagem. A análise detalhada desse material permitiu que os cientistas percebessem que os peixes não estavam apenas seguindo o polvo passivamente. Na verdade, eles desempenham papeis ativos, explorando o ambiente em busca de presas e apresentando opções ao polvo, que então decidia qual seria a presa do dia. “Os peixes agem como um sistema sensorial estendido para os polvos”, explica Eduardo Sampaio, em entrevista à rádio pública americana NPR.

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Esse comportamento, segundo Sampaio, representa uma forma de sinergia ecológica, em que diferentes espécies colaboram para maximizar suas chances de sucesso. Os peixes, em especial o peixe-cabra, são responsáveis por explorar áreas que o polvo sozinho não poderia alcançar. Em troca, o polvo expulsa presas de fendas nas rochas, tornando-as acessíveis para todos os membros do grupo.

Uma nova visão sobre liderança

A pesquisa desafia o conceito tradicional de liderança em grupos de animais. Enquanto muitos acreditam que o líder é aquele que impulsiona o grupo à frente, o polvo assume uma liderança mais sutil, influenciando o movimento ao controlar o ritmo da caçada. Quando o polvo captura a presa, ele a mantém para si, mas como a caça ocorre repetidamente, todos os membros do grupo têm a chance de se alimentar em algum momento. Além disso, são os peixes que apontam onde estão as melhores presas, conduzindo a caçada para maiores chances de sucesso. 

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Essa dinâmica de compartilhamento de papeis e decisões dentro do grupo não apenas beneficia todos os envolvidos, mas também revela um nível surpreendente de inteligência e cooperação entre as espécies. Sampaio resume a descoberta: “O que pensávamos ser exclusivo de sociedades complexas, encontramos em um grupo de criaturas marinhas que, ao que parece, têm muito a nos ensinar sobre liderança e trabalho em equipe.”

Socos e parasitas

Mas nem tudo são flores (ou melhor, peixes) nessa complexa interação. Algumas espécies não convidadas a sociedade tentam se beneficiar – sem contribuir para o grupo. É o caso das garoupas-de-pontas-pretas, que se aproximam e tentam roubar as presas perseguidas pelos polvos e sua equipe de peixes-cabra. No entanto, essa estratégia arriscada tem seu preço. A equipe de pesquisadores observou que, em quase metade das vezes, o polvo reage com um soco – sim, um verdadeiro golpe nos oportunistas. 

O gesto agressivo também é adotado para repreender espécies parceiras que não estejam rendendo os melhores resultados durante a busca por comida. Os socos servem, portanto, como uma espécie de controle de qualidade, garantindo que todos os membros do grupo colaborem de forma produtiva para o sucesso da caçada. Outros peixes também se unem nessa tarefa de manter a ordem, atacando aqueles que não estão contribuindo. Um exemplo e tanto para os humanos, desde de que deixemos, claro, os socos de lado.

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