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Os fósseis minúsculos que contam o passado e o futuro da vida marinha

Estudos mostram que o aquecimento global pode reduzir drasticamente o alimento em regiões profundas do oceano e afetar a biodiversidade marinha

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 5 jun 2025, 12h11

Em meio a tantos fósseis fragmentados ou escassos, um grupo de organismos microscópicos se destaca por sua abundância e precisão histórica: os foraminíferos. Esses seres unicelulares vivem no mar e possuem conchas calcárias que, ao longo de milhões de anos, se acumularam no fundo dos oceanos, formando verdadeiros arquivos geológicos.

Graças à enorme quantidade de fósseis espalhados por diferentes regiões do planeta, os cientistas conseguem estudar em detalhes como os foraminíferos responderam a crises climáticas do passado – e, com isso, obter pistas sobre o futuro da biodiversidade marinha.

Como esses organismos reagem a mudanças climáticas?

Os foraminíferos existem há pelo menos 180 milhões de anos e atravessaram diversas mudanças drásticas no planeta. Um de seus momentos mais críticos ocorreu há 66 milhões de anos, com a queda do asteroide que extinguiu os dinossauros. Enquanto as espécies que viviam na superfície dos oceanos sofreram uma extinção em massa, as que habitavam o fundo do mar sobreviveram melhor, alimentando-se de matéria orgânica em decomposição.

Outra grande crise, desta vez causada por aquecimento global, ocorreu cerca de 56 milhões de anos atrás. Nessa época, o planeta aqueceu até 5 °C, provavelmente por causa da emissão de gases por intensa atividade vulcânica. Os foraminíferos mais afetados foram os que viviam em águas profundas, já que o excesso de gás carbônico tornou os oceanos mais ácidos e danificou suas conchas. Já as espécies planctônicas escaparam do calor migrando para regiões mais frias, um movimento semelhante ao que os cientistas observam hoje.

Foraminífero vivo da espécie Globigerinella calida, coletado no sudoeste do Oceano Índico. As longas extensões ao redor da concha são tentáculos usados para locomoção e alimentação
Foraminífero vivo da espécie Globigerinella calida, coletado no sudoeste do Oceano Índico. As longas extensões ao redor da concha são tentáculos usados para locomoção e alimentação (Tracy Aze / University of Plymouth/Reprodução)
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O que os fósseis dizem sobre o futuro dos oceanos?

Ao perfurar camadas de sedimento marinho, cientistas conseguem extrair cilindros de lama cheios de fósseis de foraminíferos, cada qual representando uma época específica da história da Terra. Com análises químicas das conchas, é possível determinar, por exemplo, a temperatura da água em que o organismo viveu.

Esses dados permitiram prever que a chamada “zona crepuscular” do oceano — faixa entre 200 e 1.000 metros de profundidade — poderá perder até 70% de seu suprimento alimentar se as temperaturas globais subirem 6 °C até 2100. Isso afetaria gravemente animais como peixes-lanterna e outras espécies que dependem desse habitat pouco explorado, mas crucial. Mesmo num cenário mais moderado, com até 2 °C de aquecimento, a queda no fornecimento de alimento pode ultrapassar 20%, comprometendo a sobrevivência de organismos como crustáceos, águas-vivas e pequenos peixes que habitam essa zona intermediária e sustentam a base da cadeia alimentar nas profundezas.

O motivo é que, com o aquecimento, os detritos orgânicos que descem da superfície se decompõem mais rapidamente, o que reduz a quantidade de matéria que chega às profundezas. A tendência já começou a ser observada: nos últimos 80 anos, a abundância de foraminíferos caiu cerca de 25% — especialmente em regiões tropicais. Muitos estão migrando em direção aos polos, mas a velocidade das mudanças atuais pode ser rápida demais para permitir uma adaptação eficaz.

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