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Alon Feuerwerker

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A decisiva diferença de rejeições

Há um detalhe nas pesquisas que é fundamental na disputa

Por Alon Feuerwerker Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h00 - Publicado em 25 set 2022, 08h00

As pessoas gostam mais de algumas pesquisas e menos de outras, mas infelizmente não há outro jeito de saber como anda a eleição. E quase todas elas apontam a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com possibilidade de liquidar a fatura no primeiro turno, e o presidente Jair Bolsonaro folgado logo atrás, sem ser ameaçado por nenhum dos nomes remanescentes da terceira via. Assim entra a última semana antes do 2 de outubro.

Há, porém, um detalhe nas pesquisas menos explorado, mas que se tem mostrado decisivo nos rumos da corrida: o gradiente das taxas de rejeição, aliás muito altas, entre os dois ponteiros. Quando a rejeição é medida da maneira mais adequada, perguntando ao entrevistado se ele vota com certeza, pode votar ou não vota de jeito nenhum em determinado nome, a oposição radical a Bolsonaro gira sempre em torno de 55%, 10 pontos acima da de Lula.

Esse número 10 aparece nas mais diversas medições da corrida. Em ordem de grandeza, baliza a diferença entre os dois no primeiro turno, com alguma ampliação no segundo. Também parametriza as distâncias entre o ótimo+bom+regular positivo e o péssimo+ruim+regular negativo. Bem como a distância entre aprovação e desaprovação, medição binária essencial para conhecer com mais precisão a imagem de governos e governantes.

“A atual eleição não está sendo tanto um plebiscito sobre o governo Bolsonaro, mas sobre o Jair”

Bolsonaro encontra dificuldade para reduzir significativamente a distância entre ele e Lula, mesmo com a melhora notada na percepção sobre a situação da economia. Por quê? Porque não consegue reduzir o hiato nas rejeições, que parece ter origem mais na resistência à pessoa do presidente do que a seu governo. Esta eleição não está sendo tanto um plebiscito sobre o governo Bolsonaro, mas sobre o Jair.

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Uma das principais razões para o PT e aliados lutarem com todas as forças para liquidar a fatura na primeira rodada é o risco de a polarização “depurada” de um segundo turno, com alguma paridade de condições, acabar equalizando as rejeições e tornando o desfecho menos previsível. Até agora não aconteceu, apesar das campanhas negativas. Talvez porque cada um dos boxeadores esteja enfatizando fraquezas do adversário bem cristalizadas no eleitorado. Fragilidades já bem precificadas.

Neste momento, na comparação com 2018, Bolsonaro e Lula parecem reproduzir os desempenhos dos então candidatos do PSL e do PT em todo o país, com exceção do Sudeste. Na maior concentração populacional e eleitoral do Brasil, o atual presidente deu um banho quatro anos atrás e hoje luta para equilibrar o jogo. Decorrem principalmente daí as distâncias abertas pelo ex-presidente nas pesquisas nacionais.

Bolsonaro enfrenta um forte antibolsonarismo na classe média (definida pelos generosos critérios brasileiros) do Sudeste, cultivado nas atitudes do presidente durante a pandemia e pelas suas arriscadas relações, ao menos verbais, com a institucionalidade. Como vai resolver isso será tarefa para seus profissionais de comunicação, se houver segundo turno. Quatro semanas a mais de oportunidades nunca é demais.

Publicado em VEJA de 28 de setembro de 2022, edição nº 2808

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