‘A luz difusa do abajur lilás’, um artigo de Carlos Brickmann
PUBLICADO NO SITE DE CARLOS BRICKMANN CARLOS BRICKMANN Metade da missa todos já conhecem: o pudim é um só e gente demais quer seu pedaço. As senhoras encarregadas de dividir o pudim são inexperientes, não sabem como fazê-lo e ainda por cima são pouco polidas. Os partidos aliados são acusados de querer pudim demais, enquanto […]
PUBLICADO NO SITE DE CARLOS BRICKMANN
CARLOS BRICKMANN
Metade da missa todos já conhecem: o pudim é um só e gente demais quer seu pedaço. As senhoras encarregadas de dividir o pudim são inexperientes, não sabem como fazê-lo e ainda por cima são pouco polidas. Os partidos aliados são acusados de querer pudim demais, enquanto o PT se lambuza numa boa.
Agora, vamos à outra metade da missa. Por que o PR luta para nomear outro ministro dos Transportes, se: a) o atual ministro é membro do partido; b) a equipe do ministro anterior, também do PR, continua nos cargos, mandando muito?
É que o ministro atual, embora seja do PR, não faz parte da rodinha. E a grande atração deste ministério, além daquelas obras e daquelas concorrências, é a fixação das tarifas de transporte. São 27 Estados, com múltiplas possibilidades de transporte, e o modo pelo qual os transportes serão escolhidos depende das tarifas. Mais ainda, ninguém presta muita atenção nessa coisa chata, técnica, que exige fazer contas. A imprensa se concentra nas concorrências, mais visíveis, e de vez em quando detona alguma. Tarifas, não: é tudo meio invisível. É tão bom que o PT também quer, e o PR precisa de um ministro forte para defender o seu.
Não leve a sério as versões de que há um lado bom e um lado ruim na briga. Na Segunda Guerra, quando Churchill, duro anticomunista, se aliou ao comunista Stalin, disse que se o Inferno declarasse guerra à Alemanha ele se aliaria ao Sr. Demônio. Montar um Governo no Brasil exige essas concessões. Dilma precisou atrair anjos e demônios.
Só que não se sabe quem é anjo e quem é demônio.