‘Assim era, assim é’, por Carlos Brickmann
Publicado na coluna de Carlos Brickmann CARLOS BRICKMANN Um notável empresário costumava dizer que a vantagem de ser idoso é ter visto tudo acontecer, e ter visto o contrário também. Pois é. Quem imaginaria? 1 – Negro mandando brancos ricos e poderosos para a cadeia; 2 – Esquerdistas citando (e com amor) o autor que antes […]
Publicado na coluna de Carlos Brickmann
CARLOS BRICKMANN
Um notável empresário costumava dizer que a vantagem de ser idoso é ter visto tudo acontecer, e ter visto o contrário também. Pois é. Quem imaginaria?
1 – Negro mandando brancos ricos e poderosos para a cadeia;
2 – Esquerdistas citando (e com amor) o autor que antes odiavam: Nelson Rodrigues. Diziam que era reacionário. E ele confirmava;
3 – Maluf aliado ao PT mas dizendo que, perto de Lula e Dilma, é comunista;
4 – A elite branca endinheirada comparecendo em massa ao estádio do Corinthians, no elitista bairro de Itaquera;
5 – Eduardo Suplicy fazendo um discurso mais curto que o do candidato de seu partido ao Governo paulista;
6 – Aécio e Serra se elogiando e cumprimentando como velhos amigos;
7 – Brasileiros fascinados por um papa argentino;
8 – Brasileiros fascinados por um craque argentino;
9 – O comunista linha chinesa (da antiga, original) Aldo Rebelo, ministro dos Esportes, o imprimindo e distribuindo A Pátria em chuteiras, de Nelson Rodrigues – porque, ao contrário do que pensa a direita, futebol não é o ópio do povo;
10 – Políticos presos brigando para (argh!) trabalhar;
11 – Marta Suplicy tuitando sua alegria bem na hora do gol-contra do Brasil;
12- Lula desistindo de ir ao estádio que ajudou a construir, para a abertura da Copa que conseguiu trazer para cá. E Dilma, que nem sabe quem é a bola, indo.
Tem Boy na linha
O PR paulista decidiu apoiar o candidato do PT ao Governo, Alexandre Padilha. O PR paulista é controlado diretamente de Brasília, por Boy, Valdemar Costa Neto, condenado no processo do Mensalão, a partir de sua cela na Papuda.
Guerra é sempre guerra
Depois de todos os atritos do processo do Mensalão, houve o incidente em que o advogado de José Genoíno, Luiz Fernando Pacheco, exigiu que o pedido para que seu cliente voltasse à prisão domiciliar fosse julgado pelo plenário e foi retirado do recinto, pelos seguranças, por ordem do ministro Joaquim Barbosa.
A coisa não parou por aí: Barbosa pediu à Procuradoria de Justiça de Brasília que mova ação penal contra o advogado. Não é uma ordem, entretanto; o Ministério Público decide se deve ou não iniciar a ação contra Pacheco.
Hoje, talvez…
Está marcada para hoje a reunião em que o Conselho de Ética da Câmara Federal começa a ouvir testemunhas no processo de quebra de decoro contra o deputado André Vargas, do Paraná, ex-PT, ex-vice-presidente da Casa. Vargas é acusado de ter mentido à Câmara sobre seu relacionamento com Alberto Youssef, apontado pela Polícia Federal como doleiro. O relator do processo, Júlio Delgado, do PSB mineiro, pretende ouvir os parlamentares petistas Cândido Vacarezza, Vicentinho e Rui Falcão, mais Leonardo Meireles e Esdras Ferreira, donos do laboratório Labogen, e Youssef.
Só há um problema: como ontem houve jogo do Brasil, esta é uma semana curta, e não será fácil reunir tantos parlamentares. Ir a Brasília depois de um jogo do Brasil pode ser esforço excessivo.
…talvez quem sabe
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre a Petrobras (aquela em que a oposição deposita suas esperanças de investigação) tem reunião marcada para hoje. Ninguém acredita que haja reunião – sabe como é, jogo do Brasil, semana curta, Copa, campanha – mas o Governo teme que os oposicionistas consigam reunir número suficiente para iniciá-la e criar problemas difíceis de resolver. A ordem é ter no Congresso número suficiente de parlamentares governistas para, caso a CPMI consiga reunir-se, impedir que sejam aprovadas medidas indesejadas, como a quebra de sigilos de gente do Governo na área de petróleo.
Bala de prata
Inquérito explosivo: um repórter habituado a desvendar segredos, Cláudio Tognolli (https://br.noticias.yahoo.com/blogs/claudio-tognolli/), fala da investigação das ligações entre o governador fluminense Sérgio Cabral, PMDB, com o laboratório Laborvida, que trabalha exclusivamente em parceria com laboratórios da rede pública. Seu acionista majoritário é a Facility Participações, do empresário Arthur César Menezes Soares Filho – a mesma Facility que, desde o início do mandato de Cabral, em 2007, é a maior prestadora de serviços ao Governo fluminense.
Ganhou até (com seu novo nome, de SKS) o Centro de Diagnóstico por Imagem, o Rio Imagem. Todos trabalham em conjunto com o secretário da Saúde, Sérgio Cortês. Quem é Cortês? Dirigiu o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia de 2002 a 2006; auditoria do Ministério da Saúde concluiu que houve desvio e determinou que Cortês devolvesse R$ 3,4 milhões. Em dezembro de 2013, Cortês foi condenado por desviar verba da saúde para aplicar em propaganda do Governo. E, mais interessante, era um dos participantes da Farra do Guardanapo, em que um grupo de políticos com guardanapos na cabeça se divertia em Paris, ao lado de Fernando Cavendish, da empreiteira Delta.
O caso está sendo investigado sigilosamente pelo Ministério Público do Rio