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Augusto Nunes

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‘Sem pai nem mãe’, por Dora Kramer

PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA QUINTA-FEIRA DORA KRAMER Tantas campanhas ditas politicamente corretas e factualmente incorretas são difundidas pela internet e repercutem fora dela que não custava nada essa massa em estado de rebeldia à deriva abraçar um bom combate. Há várias causas à disposição de soldados efetivamente interessados no aperfeiçoamento da nossa ainda imperfeita democracia. […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 08h53 - Publicado em 10 Maio 2012, 11h52
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  • PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA QUINTA-FEIRA

    DORA KRAMER

    Tantas campanhas ditas politicamente corretas e factualmente incorretas são difundidas pela internet e repercutem fora dela que não custava nada essa massa em estado de rebeldia à deriva abraçar um bom combate.

    Há várias causas à disposição de soldados efetivamente interessados no aperfeiçoamento da nossa ainda imperfeita democracia. Um exemplo? O fim do voto secreto no Congresso, ao menos para os casos de cassação de mandatos comprovadamente incompatíveis com o decoro parlamentar.

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    O assunto de quando em vez volta à discussão no Parlamento. Sempre que há algum escândalo envolvendo deputados e/ou senadores ou quando assistimos a alguma absolvição escandalosa.

    A última, em 2011, favoreceu a deputada Jaqueline Roriz, flagrada em vídeo recebendo dinheiro de origem desconhecida pelas mãos de um conhecido frequentador ─ Durval Barbosa, o delator e participante do esquema que resultou na queda do então governador do DF, José Roberto Arruda ─ de terrenos onde a política se mistura à corrupção.

    Em 2006, em meio a renúncias e absolvições de parlamentares envolvidos no escândalo do mensalão, a Câmara aprovou o fim do voto secreto. Foram 383 votos a favor, nenhum contra e quatro abstenções, em primeiro turno.

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    Na época houve muita animação e apoio à decisão. Mas o tempo passou, o clima de indignação arrefeceu e a coisa por ali ficou faltando completar o processo de votação na Câmara e remeter a proposta ao Senado.

    Agora com o caso do senador Demóstenes Torres volta-se a debater o assunto, embora timidamente. É que a situação dele é tão grave, há tanta intolerância em relação ao disfarce de defensor da ética, são tantos os inimigos que o senador colecionou por causa desse papel e é tão inconsistente (senão inexistente) sua sustentação política, que o corporativismo dificilmente prosperará ao abrigo do voto secreto quando o processo for ao exame do plenário no Senado.

    Portanto, ainda não será dessa vez que uma crise resultará em avanço e o voto secreto no Parlamento continuará servindo de salvaguarda a representantes da sociedade que não desejam dar satisfações aos seus representados.

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    Note-se, então, que esse assunto se inscreve entre aqueles passíveis de intervenção popular. Energia solta no ar há de sobra. Pena que em boa medida desajeitada e por isso desperdiçada.

    Falta compreensão para distinguir o que realmente é importante para a melhoria do processo político daquilo que tanto serve para aplacar consciências de inocentes úteis quanto presta serviço ao (não raro remunerado) ofício da má-fé.

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