“Bacanal”, um poema de Manuel Bandeira
Manuel Bandeira Quero beber! Cantar asneiras No esto brutal das bebedeiras Que tudo emborca e faz em caco… Evoé Baco! Lá se me parte a alma levada No torvelim da mascarada, A gargalhar em douro assomo… Evoé Momo! Lacem-na toda, multicores, As serpentinas dos amores, Cobras de lívidos venenos… Evoé Vênus! Se perguntarem: Que mais […]
Manuel Bandeira
Quero beber! Cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco…
Evoé Baco!
Lá se me parte a alma levada
No torvelim da mascarada,
A gargalhar em douro assomo…
Evoé Momo!
Lacem-na toda, multicores,
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos…
Evoé Vênus!
Se perguntarem: Que mais queres,
além de versos e mulheres?
– Vinhos!… o vinho que é o meu fraco!…
Evoé Baco!
O alfange rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que não domo!…
Evoé Momo!
A Lira etérea, a grande Lira!…
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos,
Evoé Vênus!