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A nomeação de um ministro da Pesca que só sabe fisgar evangélicos incautos encerra a reforma ministerial que não houve

Os jornalistas federais avisaram ainda em agosto que, até o fim de fevereiro, Dilma Rousseff promoveria a grande reforma ministerial concebida para, simultaneamente, livrar o primeiro escalão do entulho herdado do padrinho,  torná-lo mais parecido com a chefe e reduzir o tamanho do mamute administrativo. Nos meses seguintes, gastaram quilômetros de páginas de jornais em […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 09h25 - Publicado em 1 mar 2012, 16h31

Os jornalistas federais avisaram ainda em agosto que, até o fim de fevereiro, Dilma Rousseff promoveria a grande reforma ministerial concebida para, simultaneamente, livrar o primeiro escalão do entulho herdado do padrinho,  torná-lo mais parecido com a chefe e reduzir o tamanho do mamute administrativo. Nos meses seguintes, gastaram quilômetros de páginas de jornais em graves reflexões sobre o que seria o começo efetivo do governo da superexecutiva que Lula deu de presente ao Brasil.

As mudanças começaram no dia 6, com a troca de seis por meia dúzia no Ministério das Cidades: saiu Mário Negromonte, do PP baiano, entrou Aguinaldo Ribeiro, do PP paraibano. E foram encerradas nesta quarta-feira, com a substituição do companheiro Luiz Sérgio pelo parceiro Marcelo Crivella no Ministério da Pesca. O colosso formado por 38 ministérios e secretarias especiais (com status de ministério) não perdeu um único e escasso cabide de empregos.

Luiz Sérgio, uma nulidade que já naufragara no Ministério de Relações Institucionais, foi piorar a bancada do PT na Câmara dos Deputados. Crivella, um espertalhão que já envolveu até o Exército em projetos eleitoreiros nos morros do Rio, deixou o Senado para representar a bancada evangélica na Esplanada dos Ministérios. Entende tanto de pesca quanto Ideli Salvatti, ex-inquilina do gabinete que ganhou. Mas sabe fisgar eleitores que acreditam na pregação malandra: dinheiro na sacolinha garante prosperidade na Terra e um latifúndio no Reino de Deus.

Governar é escolher, sabe-se desde que o primeiro chefe de um grupo composto por homens das cavernas entendeu que precisa de ajudantes. Presenteada com a chance de reduzir a multidão de ministros, liberada para o despejo dos gatunos e vigaristas que infestam o coração do poder, autorizada pelas atribuições do cargo a nomear quem quisesse, Dilma limitou-se a incorporar dois prontuários ao bando que continua do mesmo tamanho. A reforma que não houve comprova que a supergerente de araque escolhe ministros tão judiciosamente quanto um bebê de colo.

De novo, os jornalistas federais erraram todas. Ou quase todas: com Crivella e Aguinaldo Ribeiro, o ministério ficou mesmo ainda mais parecido com Dilma Rousseff.

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